Boa menina

Como Luísa Sonza ergueu sua carreira na música muito antes de virar "a mulher do Whindersson"

Renata Nogueira Do UOL, em São Paulo Iwi Onodera/UOL

"Foi o ano da virada", define Luísa Sonza sobre os últimos meses. Não é para menos. Em 2018 a cantora definitivamente rompeu a barreira da internet para ser reconhecida na televisão e no cinema.

Aguinaldo Silva a convidou pessoalmente para cantar na trilha sonora de "O Sétimo Guardião", da Globo. "Nunca Foi Sorte", tema de Bebeto, tem letra do autor da novela das 9 com voz dela. Luísa ainda ganhou a aprovação de Fausto Silva depois de se apresentar pela primeira vez no "Domingão do Faustão": "Uma nova rainha para as baladas do Brasil".

De olho na postura segura e empoderada que a artista de 20 anos passa com seu trabalho, a Disney confiou à Luísa Sonza a versão em português da trilha sonora do filme "Wifi Ralph: Quebrando a Internet", que traz princesas modernas ao cinema.

Mas o conto de fadas da rainha dos covers no Instagram não começou somente quando ela se juntou ao rei do humor no YouTube. O sonho de virar uma cantora famosa veio bem antes do casamento com Whindersson Nunes, em fevereiro de 2018. Começou em Tuparendi, no interior do Rio Grande do Sul, onde Luísa Sonza começou a cantar.

Depois de passar mais de dez anos em uma banda de casamento, ganhar a internet com suas versões acústicas, investir na sensualidade do pop dançante nos clipes de "Devagarinho", "Rebolar" e "Boa Menina" e alcançar 260 milhões de visualizações só no YouTube, ela só quer ser compreendida.

Luísa Sonza lança seu primeiro disco completo em 2019, depois do Carnaval. "Se for pensar em retorno, é melhor lançar single por single. Dessa vez optei pelo álbum porque senti que as pessoas que só escutam as músicas separadamente ainda estão um pouco confusas. Quero que a galera realmente me entenda como artista."

Iwi Onodera/UOL
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Realeza da internet

Cerca de 14 milhões de pessoas acompanham diariamente a vida pessoal e profissional de Luísa Sonza nas redes sociais: são 11 milhões de seguidores no Instagram, 1,6 milhão no Facebook, 484 mil no Twitter.

Somadas às outras dezenas de milhões de seguidores do marido Whindersson Nunes (são 34 milhões só no YouTube), fica difícil fugir do lado ruim da fama. A cantora já se acostumou a ouvir críticas sobre a roupa que usa, a afinação ao vivo e o rebolado em suas apresentações.

Como artista tenho que entender que, se eu escolhi esse lugar, vou receber crítica. Não posso me abalar.

"Crítica a gente recebe sendo artista, trabalhando em uma empresa, com as fofocas dos nossos vizinhos. Isso existe em todo lugar. É uma coisa natural do ser humano e a internet dá voz pra todo mundo", acredita. "Mas também tem muita gente que gosta de mim, que vai lá e me defende". 

Certos comentários ruins, porém, viriam daqueles que ainda não sabem realmente quem é Luísa Sonza.

"As pessoas falam e não me conhecem muito bem, não sabem da minha história, não conhecem a minha vida, não sabem de quanto tempo eu canto. A galera acha que eu resolvi cantar agora, só que eu canto desde os meus 7 anos. Mas isso naturalmente vai passando. Sou nova, tenho uma carreira longa pela frente. Me considero uma artista em processo, ainda estão me conhecendo. Preciso dar um tempo também para que as pessoas me entendam."

De rainha dos covers a estrela pop

Início com Sandy & Júnior

Antes de viajar de jatinho particular, tirar férias em destinos paradisíacos como Fernando de Noronha e Tailândia ou gastar mais de R$ 1 milhão só no casamento, Luísa Sonza desfrutava de uma vida bem mais simples, mas não menos agitada.

Na banda Sol Maior, em que trabalhou entre os 7 e 17 anos, fazia de 21 a 26 shows por mês. "Era missa, casamento, feiras. Eu era profissional, recebia para isso, então a banda me tratava como qualquer pessoa adulta trabalhando. Não tinha aniversário de criança, não tinha fim de semana."

Luísa foi revelada em um dos vários festivais de música que participou no Rio Grande do Sul durante a infância. Jurado em um desses concursos, o dono da banda convidou a menina para fazer um teste.

"Meus pais sempre me deram livre arbítrio. Então eles perguntaram se eu queria entrar. Não tive dúvida. Pra mim era tipo banda internacional. Eu vivia em Tuparendi, 6.000 habitantes, meu amor", relembra aos risos. Ela passou no teste interpretando "A Lenda", de Sandy & Júnior.

"Quando meus pais viram que o negócio era sério, eles falaram para eu sair [da banda], para estudar. Eu disse que não iria sair, porque um dia seria recompensada. E hoje estou aqui, mas acabei abrindo mão de muita coisa pra trabalhar e viver de música. Vivo até hoje de música e, graças a Deus, está dando tudo certo", conta após quase quatro anos de carreira solo.

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O YouTube nunca foi uma paixão, uma coisa que eu amei fazer. Mas deu uma visibilidade muito grande pra mim

Luísa Sonza, sobre sua relação com a plataforma de vídeos

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Família Gerloff

As mensagens feministas nas músicas de Luísa Sonza aparecem desde a época dos covers. A cantora ficou bastante conhecida dando a perspectiva feminina em músicas-resposta, como "Deu Onda", de MC G15, e "Camarote", de Wesley Safadão. Hoje, ela se preocupa com cada letra que vai cantar e com os passos que vai dar.

"Eu sempre penso, me meto nas letras, componho junto, faço a produção junto. Sou codiretora dos clipes. O artista tem que ter a sua personalidade dentro do que ele faz", acredita.

A veia empoderada de Luísa não surgiu conforme a causa das mulheres ganhou fôlego. É algo que ela já observava dentro de casa desde criança. "A inspiração vem muito da minha família, a família Gerloff, que é só de mulheres", conta, exaltando seu nome do meio, herança da mãe que ela faz questão de manter em seus perfis oficiais.

Os exemplos, especialmente os da avó Marli, são relembrados com carinho. "Meu avô foi assassinado, então eram só mulheres na casa. E minha avó era uma mulher super independente. Ela é cabeleireira e assim deu faculdade pra minha mãe e para as outras duas irmãs, ela correu atrás. Tem várias histórias que eu ouvi e que eu vivi junto também. Meu avô não deixava ela ter carteira de motorista, ela foi lá e fez escondido, porque ela não deita. Antes de ele vir a falecer, ela fez uma conta bancária escondida."

A ideia em tempos de tanta visibilidade na internet é espalhar a mensagem que aprendeu no berço. "Todas essas coisas que eu vi na minha avó, na minha mãe e nas minhas duas dindas, que é como eu chamo as minhas tias, sempre me inspirou muito. Elas sempre foram muito unidas. Quero espalhar isso para o mundo inteiro."

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De fato, eu sou a mulher do Whindersson. Não tenho problema nenhum em ser a mulher do Whindersson

Luísa Sonza, sobre sua vida pessoal

Estúdio Megazap

Uma música para Whindersson

"Olhos Castanhos", um dos primeiros singles de Luísa Sonza, surgiu no comecinho do namoro dela com Whindersson Nunes, em 2016. Junto com outros rascunhos que ela guardava desde a época em que trabalhava na banda, a música ficou escondida durante três meses.

"Foi uma música que eu fiz depois que eu já tinha saído da banda, já namorava com o Whindersson fazia uns meses. Ela surgiu em um dia que eu estava super inspirada lá em Porto Alegre, pensando nele, que estava em Fortaleza. É uma música muito íntima, tanto que tem frases muito específicas. Ela diz exatamente o que eu estava sentindo naquele momento."

Uma prima de Luísa foi a primeira a ler os versos apaixonados, e incentivou a cantora a tomar coragem de mostrar a canção sentimental para o humorista.

Quando eu mostrei a música para o Whindersson, eu estava achando que ele ia odiar e rir da minha cara. E ele amou e chorou, ficou bem emocionado.

A reação de Whindersson a incentivou a escolher "Olhos Castanhos" como a música do casamento deles, dois anos depois. "Eu ainda tenho um carinho enorme por ela. E os fãs também, por causa dos votos, eles colocaram a música como a música do casal", diz a cantora. O vídeo com os votos de casamento e a interpretação emocionada de Luísa Sonza para a música soma quase 4 milhões de acessos.

Ser reconhecida muitas vezes como a mulher do maior youtuber do Brasil não é algo que a incomode, diz, apesar de admitir que a queda da barreira entre vida pessoal e profissional pode ainda estar distante. "De fato eu sou a mulher do Whindersson, não tenho problema nenhum em ser a mulher do Whindersson. Mas isso nunca tirou a minha experiência como cantora, a minha vida na música, e nunca vai tirar." 

Luísa Sonza faz versão exclusiva de "Olhos Castanhos" para o UOL

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