A cara de um novo Star Wars

Daisy Ridley foi a grande estrela dos novos filmes de uma das maiores sagas da cultura pop

Beatriz Amendola Do UOL, em Los Angeles* Getty Images/Edição Arte UOL

Daisy Ridley tinha 23 anos quando saiu do anonimato e viu seu rosto estampar telas de cinema do mundo todo com Star Wars - O Despertar da Força. Ela era apenas um ano mais velha do que Mark Hamill quando ele fez sua estreia como Luke, inaugurando as aventuras de uma galáxia muito, muito distante com Uma Nova Esperança, em 1977. Como Rey, Daisy viveu uma jornada muito semelhante à do veterano na nova trilogia da saga, que se encerra agora com A Ascensão Skywalker - mas o fez sob o peso do legado de uma das maiores propriedades da cultura pop e sob escrutínio intenso dos fãs.

Em entrevista exclusiva ao UOL, a atriz britânica fala sobre os cinco anos em que se dedicou a Star Wars, a importância de dar um novo rosto à franquia e as expectativas em torno do final da saga, recebido em meio a controvérsias por fãs e críticas (a entrevista, vale notar, aconteceu antes da estreia de Ascensão Skywalker, e a ordem era falar pouco sobre o filme para evitar spoilers).

Getty Images/Edição Arte UOL

O começo e o fim

Quando conseguiu o papel de protagonista em Star Wars, Daisy tinha no currículo apenas algumas participações pequenas em séries britânicas como Mr. Selfridge e Silent Witness. Pisar no set de uma superprodução como O Despertar da Força, dirigida por J.J. Abrams, foi uma experiência completamente nova - e "absolutamente aterrorizante", nas palavras da atriz.

Em seu primeiro dia de gravação, ela gravou aquela que seria a primeira cena de Rey, no deserto de Jakku, e se surpreendeu com o tamanho da produção.

"Eram muitos atores, muitos figurantes, e muitos funcionários para garantir que todos ficassem hidratados. Via centenas de pessoas e pensava 'meu Deus, você com certeza escolheu a pessoa errada'. Mas eu superei, com uma ajudinha dos meus amigos", disse ela, citando Beatles.

Isso não impediu que a atriz se sentisse igualmente nervosa ao começar a trabalhar em A Ascensão Skywalker. Não por medo de não conseguir fazer seu trabalho, mas pela expectativa que vem com a responsabilidade de encerrar uma saga de mais de 40 anos: "Sabia que seria assustador, mas conseguiria fazer. Fiquei muito nervosa, porque esse é o último filme, o filme que conclui tudo".

"Basicamente, eu fico nervosa por tudo", acrescentou, aos risos, antes de dizer que se sente feliz por toda a sua experiência na saga.

Me sinto muito sortuda. Não sou religiosa, mas acredito no universo, e sinto que ele tem sido muito gentil, o que me faz temer que algo terrível esteja preste a acontecer. Como uma pessoa pode ter tantas coisas boas? Mas enquanto está bom, vou aproveitar. E se as coisas ficarem complicadas, eu me diverti bastante

Daisy Ridley

Fazendo Star Wars

O mais divertido

"Foi aprender a colocar em prática o lado físico da personagem. Eu pude girar, ficar de ponta cabeça e todo tipo de coisa"

O mais desafiador

"Fiz coisas que nunca havia feito antes, atuando. É uma grande história, e eu tenho que levar o público comigo na jornada. Tinha dias em que eu não sabia se ia conseguir"

O último filme

"Foi difícil porque havia uma tensão ao longo na história, e é cansativo estar tensa o tempo todo. Havia dias em que eu ficava exausta por estar nesse clima diferente"

Ícone?

Na pele de Rey, Daisy se tornou a primeira mulher a ser a grande protagonista de uma trilogia Star Wars, trazendo uma nova cara para a franquia de quatro décadas. A personagem inspirou (e ainda inspira) vários fãs da saga, o que é visível no número de "Reys" que circulam em grandes eventos de cultura pop como a San Diego Comic-Con e a nossa CCXP.

Apesar disso, a atriz não se vê como um ícone. "Acho que a personagem fala com muitas pessoas, e eu tive muita sorte de poder fazer isso. Mas eu, pessoalmente, não fiz muita coisa. Eu fiz meu trabalho, o filme saiu e as pessoas gostaram. É muito gentil as pessoas dizerem isso, mas acho que é a personagem que se conecta com o público, e ela contribuiu muito mais para esse universo do que eu. "

Daisy, no entanto, reconhece a importância de Rey para a representação feminina nas telas - um entendimento que veio, segundo ela, logo após O Despertar da Força chegar aos cinemas. "Quando vieram as reações, percebi que aquilo era mais importante para as pessoas do que eu sequer poderia imaginar", diz a atriz, que na nova trilogia divide a ação com um colega latino, Oscar Isaac (Poe), e um negro, John Boyega (Finn).

"Sinto que o que J.J. e Kathy [Kennedy, presidente da LucasFilm] fizeram com esses filmes foi introduzir personagens que você tradicionalmente não veria sendo um herói, fazendo a coisa certa, por causa da aparência deles. É incrível saber que somos parte de uma mudança."

Daisy Ridley

Os fãs e as opiniões

Não que a mudança tenha sido bem recebida de forma unânime. Parte dos fãs torceu o nariz para os novos atores da saga, e houve quem desgostasse dos rumos tomados pelos novos filmes. A Ascensão Skywalker, inclusive, tem sido objeto de debates intensos desde sua estreia, na última quinta.

Fazer parte de uma saga sobre a qual o mundo todo tem uma opinião não é fácil, mas Daisy se acostumou a lidar com as opiniões ao longo dos anos. "Para qualquer um, é muita coisa estar sob esse tipo de escrutínio. Mas eu amo meu trabalho e estou me divertindo."

O mais estranho, para a artista, é lidar com as opiniões de conhecidos com quem não tem intimidade. "Eu estava na festa de aniversário de uma amiga, e um amigo dela, que eu havia visto uma vez, tinha alguns comentários sobre os filmes. E eu só dizia 'entendo que você tenha uma opinião, mas é mal-educado dizer coisas não gentis sobre algo em que a pessoa trabalhou'".

No fim das contas, porém, Daisy sabe bem que está lidando com um filme capaz de despertar paixões intensas.

"Quando você vai estar à mercê de milhões de pessoas que amam tanto uma coisa, pode ser intimidador e incrível, porque todo mundo tem uma opinião."

E o futuro?

A vida de Daisy pós-Star Wars já está movimentada: a atriz estreia em 2020 a ficção científica Chaos Walking, ao lado de Tom Holland, o Homem-Aranha, e já está escalada para protagonizar outros dois longas: Kolma, sobre uma mulher que tem a oportunidade de reviver seu primeiro amor, e A Woman of no Importance, em que interpretará Virginia Hall, espiã americana que trabalhou para a inteligência britânica durante a Segunda Guerra Mundial.

Ela planeja começar a trabalhar também como produtora, a exemplo do que já fazem estrelas como Reese Whiterspoon e Jennifer Aniston. "Os projetos aos quais eu estou ligada agora ainda são livros ou estão em estágios iniciais de desenvolvimento", conta, sem entregar detalhes.

Pelo jeito, ainda veremos bastante de Daisy nas telas.

Topo