Parlamento Europeu premia cineasta ucraniano preso e Rússia denuncia "decisão política"
O Parlamento Europeu atribuiu nesta quinta-feira (25) seu prestigioso prêmio Sakharov Para a Liberdade de Pensamento ao cineasta ucraniano Olega Sentsov, que se encontra preso na Rússia.
Ao conceder o prêmio, o Parlamento Europeu deu um claro sinal de crítica à Rússia, de acordo com o porta-voz do Parlamento, Jaume Duch, entrevistado pela RFI. “É um gesto político muito forte. O Parlamento deseja expressar que a situação na Crimeia é insustentável, com diversas pessoas que foram presas por sua oposição política ao governo russo”, afirma.
“Existe todo um contexto político estratégico por trás. Mas é sobretudo uma forma de mostrar solidariedade a Sentsov, que está na prisão”, ressalta Jaume Duch. “O prêmio deseja dar visibilidade a essa situação injusta. O presidente [do Parlamento] acabou de dizer que exige a soltura de Sentsov. Ele exige oficialmente que as autoridades russas o liberem. Esperamos que essa demanda seja ouvida”.
Nascido na península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, Oleg Sentsov, de 42 anos, está detido na colônia penitenciária russa de Labytnangui. Pai de duas crianças, ele foi preso em maio de 2014 em sua casa e condenado em 2015 a 20 anos de prisão por terrorismo e tráfico de armas, num processo qualificado de “stalinista” pela ONG Anistia Internacional.
Sentsov começou uma greve de fome para obter sua liberação e a de todos os “prisioneiros políticos” ucranianos detidos na Rússia, que só terminou 145 dias depois. O G7 e diversas personalidades políticas e do mundo cultural já pediram que ele fosse liberado. Oleg Sentsov concorria com dois outros finalistas pelo prêmio Sakharov: o militante marroquino Nasser Zefzafi, também preso, e uma ONG que ajuda os migrantes no mar mediterrâneo.
Rússia protestou contra decisão
Moscou, por sua vez, denunciou uma decisão “totalmente politizada” do Parlamento Europeu. “Por que escolheram Sentsov e não Savtchenko?”, disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, fazendo referência à piloto militar ucraniana Nadia Savtchenko, detida na Rússia, liberta numa troca de prisioneiros, e presa novamente na Ucrânia por preparar um atentado contra o Parlamento. “No começo, eles também faziam apelos em seu favor [de Savtchenko], como fazem hoje com Sentsov. Depois, eles a traíram cinicamente e cruelmente”, afirmou Zakharova.
“Dar um prêmio a uma pessoa reconhecida culpada de terrorismo é a última etapa de um desprezo pelas normas e pelas leis”, disse, por sua vez, Piotr Tolstoï, vice-presidente da câmara baixa do Parlamento russo. “Essa escolha é totalmente infundada”.
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