Teatro em Paris que Edir Macedo tentou transformar em templo é reaberto

Paris ganha mais um endereço para grandes espetáculos: La Scala. Ou melhor, recupera, pois trata-se de um teatro construído para musicais no final do século 19 e fechado há 20 anos.
O pastor Edir Macedo tentou abrir mais templo da Igreja Universal do Reino de Deus no local, mas perdeu o braço de ferro com a prefeitura de Paris. O religioso comprou em 2000 o antigo teatro, com área de 1.800m², em pleno coração de Paris, no 10° distrito. O objetivo era construir uma igreja com 700 lugares, além de um estúdio de rádio e televisão. A prefeitura de Paris resistiu, negando os pedidos de reforma que não obedeciam aos regulamentos vigentes.
A igreja de Macedo, com 20 centros em Paris e oito mil espalhados em 182 países, segundo o site em francês, desistiu do imponente endereço parisiense. Em 1995, a igreja Universal do Reino de Deus havia sido citada por uma comissão parlamentar sobre seitas na França. Em 2016, a prefeitura acabou com os sonhos do evangélico, ao conseguir classificar o teatro como edifício dedicado à cultura.
Paixão e decadência
O Scala foi construído em 1873 por uma viúva rica e apaixonada pelo Scala de Milão. O café-concerto de 1.400 lugares virou lugar obrigatório das estrelas da chanson francesa, como Mistinguett. Depois, o Scala virou um teatro popular. Em 1936, reabriu como uma moderníssima sala de cinema. Em 1977, o Scala se torna o primeiro multiplex pornográfico, dividido em cinco salas. A chegada do vídeo caseiro é o golpe derradeiro da degringolada e durante algum tempo viciados em drogas e sem-teto ocupam o espaço.
Em 2016, depois de algum tempo como elefante branco, um casal, Fréderic e Melanie Biessy, compra o local. Ela dirige um fundo de investimentos e ele é produtor artístico. O novo Scala, com capacidade para 550 espectadores, pretende ser um local transdisciplinar, com teatro, circo, música e artes plásticas.
Para a inauguração, o acrobata, ator, malabarista e dançarino francês Yoann Bourgeois foi encarregado de montar um show. “A inspiração do espetáculo Scala foi, claro, o local, que também se chama Scala”, disse Bourgeois à RFI. “Meu ponto de partida foi o próprio teatro. O interessante é que o teatro renovado ainda não existia quando eu comecei a imaginar o que seria o espetáculo. Ou seja, houve um sincronismo perfeito entre a criação do espetáculo e da sala”.
Desafio à gravidade
No show Scala, Bourgeois utiliza a magia dos movimentos, de corpos que caem sem cair, que flutuam e desafiam a gravidade. “O que eu adoro no teatro é a sua dimensão física, lúdica, do artesanato de uma magia particular e talvez em vias de extinção, talvez um pouco fora de moda, mas que me encanta profundamente, que solicita, ou melhor, que faz acordar a criança que existe em mim”, relata o artista.
A cenografia do local foi confiada a Richard Peduzzi, colaborador fetiche do diretor de cinema, teatro e ópera, Patrice Chéreau.
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