Concurso de caricaturas de Maomé na Holanda provoca ira de paquistaneses
A polícia holandesa prendeu nesta terça-feira (28) um homem de 26 anos, suspeito de ameaçar atacar Geert Wilders, o líder da extrema-direita na Holanda. A agressão teria acontecido por causa do projeto de Wilders de realizar um concurso de caricaturas do profeta Maomé, segundo declarações desta quarta-feira das forças de ordem locais. O concurso tem gerado reações de revolta no Paquistão, onde um partido islâmico exige o rompimento das relações diplomáticas com a Holanda.
O indivíduo foi preso na estação central de Haia, cidade portuária do norte da Holanda, declarou o porta-voz da polícia local, Jan Rensen. O suspeito, cuja nacionalidade ainda não foi determinada, divulgou na segunda-feira (27) um vídeo com ameaças ao líder da extrema-direita Geert Wilders, em que afirmava se encontrar a cinco minutos do parlamento holandês.
"Meu único alvo é esse blasfemador [Wilders, que encabeça o projeto de concurso de caricaturas de Maomé]", diz o homem no vídeo. "Eu acho que Deus vai me ajudar a ter sucesso... Eles estão brincando com o nosso profeta”, afirmou. O suspeito será apresentado nesta sexta-feira (31) a um juiz, disse a polícia holandesa.
Quaisquer representações de Maomé são proibidas pelo Islã, que as classifica como "idólatras". E a maioria dos muçulmanos considera as caricaturas do profeta seriamente ofensivas.
Geert Wilders, do populista e anti-islâmico Partido da Liberdade, se tornou a segunda maior força política na Holanda. Ele planeja realizar a competição de caricaturas para enfatizar que tem o direito de fazê-lo, garantido pela “liberdade de expressão” em seu país. O concurso deve acontecer nos escritórios de seu partido no parlamento holandês.
O primeiro-ministro holandês Mark Rutte afirmou não apoiar o concurso de caricaturas de Wilders, mas defende o direito do líder de extrema-direita organizá-lo.
Repercussão no Paquistão
A reação ao concurso de caricaturas do profeta Maomé teve ecos diretos no Paquistão, onde o partido islâmico Tehreek-e-Labbaik reivindicou nesta quarta-feira (29) a expulsão do embaixador dos Países Baixos.
Vários milhares de apoiadores do partido, reunidos em Lahore, no leste do Paquistão, exortaram nesta quarta-feira (29) o novo primeiro-ministro, Imran Khan, a romper relações diplomáticas com os Países Baixos. Eles ameaçam levar os protestos até a capital, Islamabad.
"O embaixador dos Países Baixos deve ser expulso sem espera ", disse o porta-voz do Tehreek-e-Labbaik, Ejaz Ashrafi. "Vamos parar [os protestos] apenas quando o governo terá atendido nosso pedido".
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