Ausência de mulheres no Festival de Veneza gera protestos
Associações feministas se reuniram para criticar a programação da próxima edição do Festival Internacional do Filme de Veneza, que começa dia 29 de agosto. Uma carta aberta foi enviada ao diretor da Mostra, Alberto Barbera, para contestar a pouca representatividade de mulheres na programação do mais antigo festival de cinema do mundo.
A carta, datada de 10 de agosto, foi assinada por várias associações feministas europeias. No texto, grupos como European Women's Audiovisual Network, Women in Film & TV International, WIFT Nordic, WITF Sweden e Swiss Women's Audiovisual Network reagem à falta de mulheres na seleção oficial da 75ª edição da Mostra de Veneza, mas também às declarações de Barbera sobre o assunto. Em julho, quando surgiram as primeiras críticas após a divulgação dos filmes selecionados, o diretor artístico do evento disse que sua escolha se baseava “na qualidade dos filmes, e não no sexo do diretor”.
Segundo ele, 21% dos filmes submetidos ao processo de seleção foram dirigidos por mulheres, mas apenas um (The Nightingale, de Jennifer Kent) ficou na lista oficial. Na edição anterior, dos 21 filmes em competição, apenas uma diretora, a chinesa Vivian Qu, foi escolhida, com Angels Wear White. Desde de 2010 nenhuma edição contou com mais de quatro filmes dirigidos por mulheres, entre os cerca de 20 longas em competição.
“Se começarem a impor quotas, eu peço as contas”, declarou Barbera em julho. “As cotas não impedem a meritocracia. Elas ajudam a ampliar o espectro dos candidatos”, responderam as associações na carta enviada aos organizadores do festival.
Os signatários denunciam não apenas as declarações de Barbera, mas também o funcionamento do sistema audiovisual. O texto insiste que todas as decisões da indústria cinematográfica são tomadas a partir do prisma feminino.
Os organizadores da Mostra não responderam à carta das associações.
Confira a lista de filmes na competição oficial da Mostra de Veneza
- "O Primeiro Homem", de Damien Chazelle
- "The Mountain", de Rick Alverson
- "Doubles Vies", de Olivier Assayas
- "The Sisters Brothers", de Jacques Audiard
- "The Ballad of Buster Scruggs", de Ethan e Joel Coen
- "Vox Lux", de Brady Corbet
- "22 July", de Paul Greengrass
- "Roma", de Alfonso Cuaron
- "Suspiria", de Luca Guadagnino
- "Werk Ohne Autor", de Florian Henckel Von Donnersmarck
- "The Nightingale", de Jennifer Kent
- "The Favourite", de Yorgos Lanthimos
- "Peterloo", de Mike Leigh
- "Capri-Revolution", de Mario Martone
- "What You Gonna Do When The World’s On Fire?", de Roberto Minervini
- "Sunset", de Laszlo Nemes
- "Frères Ennemis", de David Oelhoffen
- "Nuestro Tiempo", de Carlos Reygadas
- "At Eternity’s Gate", de Julian Schnabel
- "Acusada", de Gozalo Tobal
- "Killing", de Shinya Tsukamoto
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