Sobreviventes do massacre de Srebrenica querem revogação de Nobel de literatura
Por Daria Sito-Sucic e Ivana Sekularac
SARAJEVO/BELGRADO (Reuters) - Sobreviventes do massacre de Srebrenica de 1995 pediram nesta sexta-feira que o Prêmio Nobel de Literatura do autor austríaco Peter Handke seja revogado, dizendo que é "vergonhoso" homenagear um homem que nega que os assassinatos aconteceram.
Sua revolta ecoou as críticas à decisão de quinta-feira em muitos países balcânicos devido ao apoio explícito de Handke ao falecido presidente sérvio Slobodan Milosevic, que comandou o país durante as Guerras dos Bálcãs nos anos 1990.
"Enviaremos uma carta para o Comitê revogar o prêmio", disse Munira Subasic, presidente da associação Mães de Srebrenica, que representa sobreviventes, à Reuters.
"Isto é vergonhoso, deveria causar preocupação que mensagem isso enviará", disse ela.
Não foi possível contatar Handke de imediato para obter comentários.
A Academia Sueca, que escolhe o laureado de literatura, não respondeu a pedidos de comentário. Anders Olsson, um de seus membros, disse após o anúncio do prêmio na quinta-feira: "Não é um prêmio político, é um prêmio literário".
Handke discursou no funeral de Milosevic, em 2006, depois que o líder sérvio morreu na detenção aguardando um julgamento no tribunal de crimes de guerra da Organização das Nações Unidas (ONU) em Haia devido ao seu papel nas guerras.
O escritor também expressou apoio aos líderes bósnio-sérvios Radovan Karadzic e Ratko Mladic, ambos condenados por genocídio devido ao assassinato de mais de 8 mil homens e meninos muçulmanos em Srebrenica, um enclave sob proteção da ONU.
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