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Ode de Almodóvar à criação cinematográfica é bem recebida em Cannes

18/05/2019 13h24

CANNES, França (Reuters) - Pedro Almodóvar está acostumado a uma boa recepção do que chama plateia “fiel” na França --tanto que o diretor brincou neste sábado que é “franco-espanhol”.

E seu mais recente filme, um retrato de um cineasta atormentado com toques autobiográficos, pode ser antecipado como candidato ao Oscar depois de uma resposta entusiástica no Festival de Cinema de Cannes, onde compete pela Palma de Ouro.

“Dor e Glória” reúne Antonio Banderas e Penélope Cruz, colaboradores de longa data de Almodóvar, em um melancólico mergulho no mundo do cinema e nos altos e baixos da criatividade.

À medida que o envelhecido diretor Salvador, interpretado por Banderas, lembra de sua vida, outros temas caros a Almodóvar são abordados, como a relação da personagem com sua mãe e suas investigações sobre o desejo e o amor.

“Eu projeto a mim mesmo neste filme, mas não é para ser levado literalmente”, disse Almodóvar, por trás de óculos escuros, em entrevista coletiva após a estreia do filme em Cannes, na noite anterior, quando foi ovacionado de pé.

Desde uma cena sobre o despertar sexual de Salvador até uma discussão tensa com sua mãe, muitos episódios foram inventados, disse ele, acrescentando porém que suas experiências deram informações para a ficção.

“Eu sobrevivi a um amor que foi quebrado num momento em que a chama ainda estava bastante ativa, por causa de uma série de circunstâncias”, disse Almodóvar.

“Essa é uma coisa muito dolorosa. Não é natural ter que terminar... é como cortar seu braço fora.”

(Reportagem de Sarah White)