1ª africana a concorrer ao principal prêmio de Cannes quer mais "vidas negras" na tela
Mati Diop, a primeira mulher de origem africana a competir pelo principal prêmio do Festival de Cannes com um assombroso filme sobre imigração, disse ontem que o rótulo a deixava "triste", mas mostrava o quanto ainda precisa ser feito para que se consiga atingir a igualdade na indústria cinematográfica.
A diretora --cujo filme de estreia "Atlantics", que se passa no Senegal, evoca o impacto das jornadas migratórias nos que são deixados para trás-- disse que também era movida por um desejo de ver vidas negras representadas na tela.
"Era uma necessidade, uma necessidade bem urgente", disse Diop em uma entrevista coletiva. "Não foi apenas o motor do filme, por que um motor não é suficiente para contar uma história, mas ao terminar o roteiro eu estava como 'agora eu quero ver esses atores negros' (...) e muita gente precisa disso".
A cineasta franco-senegalesa chegou a Cannes por um caminho incomum, trabalhando com um elenco de atores estreantes -- alguns dos quais foram abordados por ela nas ruas de Dacar.
Diop acrescentou que foi tocada por filmes estrelados por negros, incluindo os do diretor de "Corra!", Jordan Peele.
Desenvolvido a partir de um curta documentário de Diop de 2009 sobre um homem senegalês que morreu fazendo a travessia do mar para a Espanha, "Atlantics" muda o foco para as mulheres deixadas para trás enquanto um grupo de homens desaparece em sua jornada.
"Eu acho que a primeira ideia foi transformar o oceano em um cúmplice das pessoas que deixam suas terras pelo mar. Eu vi o oceano como uma força sobrenatural que engole a juventude em sua profundidade".
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