Ativistas LGBT+ criticam George Clooney por alerta a vizinhos de Brunei
Ativistas LGBT+ criticaram o ator George Clooney, hoje, após ele classificar um boicote a hotéis luxuosos de Brunei como "um tiro de advertência" para Indonésia e Malásia, caso os países considerem adotar uma legislação anti-homossexuais semelhante.
No fim de março, Clooney liderou pedidos de boicote a nove hotéis sob propriedade de Brunei devido a planos do país de punir relações sexuais homoafetivas ou adultério com pena de morte --inclusive por apedrejamento-- ao adotar novas leis islâmicas.
Em resposta a protestos globais, o sultão do Estado rico em petróleo descartou a imposição da pena de morte na semana passada.
Durante uma participação no programa "Ellen", o ator de "Doze Homens e Um Segredo" falou sobre o boicote e a subsequente pressão econômica após o anúncio das novas leis e a reviravolta.
"Ainda não está consertado... mas é um grande passo à frente após esse gigante recuar", disse Clooney na sexta-feira à apresentadora Ellen DeGeneres, que também apoiou publicamente o boicote.
"Isso envia um tiro de advertência a países como Indonésia e Malásia --que também estão considerando essas leis-- de que os empresários, os grandes bancos, esses caras vão dizer 'nem entrem nesse empreendimento'".
No entanto, os comentários de Clooney despertaram reações online, à medida que críticos e ativistas LGBT+ regionais apontaram grandes diferenças entre Brunei e seus vizinhos islâmicos.
"Eu convido George Clooney e Hollywood a ouvirem e trabalharem em campo com ativistas locais e defensores dos direitos humanos", disse Numan Afifi, presidente da iniciativa defensora dos LGBT+ PELANGI Campaign, à Fundação Thomson Reuters.
"Ativistas locais têm arriscado suas vidas em trabalho de campo há anos", disse Afifi. "A declaração dele, ainda que bem-intencionada, também pode ser contraproducente para nosso caso".
Representantes de Clooney não responderam de imediato a pedidos por comentários via e-mail.
Atitudes socialmente conservadoras prevalecem na Ásia, onde Myanmar, Malásia e Cingapura baniram relações homoafetivas entre homens e a Indonésia --o maior país de maioria muçulmana do mundo-- tem presenciado um aumento nos ataques a membros da comunidade LGBT+ recentemente.
Dede Oetomo, um dos ativistas LGBT+ de maior destaque na Indonésia e fundador do grupo GAYa NUSANTARA, também questionou os comentários de Clooney.
"A Malásia e a Indonésia são países maiores e têm alguns processos democráticos que, apesar de imperfeitos, funcionam", disse Oetomo. "Pressão interna é mais possível em ambos os países, embora seja frustrantemente lenta e demorada".
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