Filme sobre fome na Ucrânia exibido em Berlim alerta Europa para erros do passado
Por Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - As lembranças tênues dos horrores do Século 20 estão deixando a sociedade europeia menos avessa a males semelhantes que podem estar próximos, alertou a diretora polonesa Agnieszka Holland na estreia de "Mr Jones", filme sobre o surto de fome na Ucrânia nos anos 1930.
Agnieszka, que ao longo de uma carreira de décadas fez filmes sobre o Holocausto nazista e a tirania comunista no leste europeu, sublinhou a votação do Reino Unido para se separar da União Europeia como um sinal de que as lições do passado estão sendo esquecidas.
"Acho que a experiência da Segunda Guerra Mundial, do Holocausto, deu à Europa especialmente um tipo de vacina pelo medo de que coisas assim possam acontecer novamente, mas isso evaporou nos últimos anos", disse ela aos repórteres no Festival Internacional de Cinema de Berlim antes de sua produção ser apresentada no domingo.
O filme, um dos 17 que disputam o prêmio Urso de Ouro do festival, conta a história de Gareth Jones, jornalista galês que escapou da gaiola de ouro da Moscou dos anos 1930 para revelar que a fachada de uma economia soviética florescente se sustentava em cadáveres ucranianos.
O surto de fome de 1932 e 1933, ocorrido quando o líder Josef Stalin matou milhões desviando carregamentos de trigo a bordo de trens para sustentar as áreas centrais russas, ainda tensiona a relação entre a Rússia e a Ucrânia, que está envolvida em uma guerra contra separatistas do leste apoiados por Moscou.
Agnieszka disse que a história de Jones, que arriscou a vida para falar ao mundo sobre os camponeses que comiam casca de árvore e os órfãos que se alimentavam dos próprios irmãos em vilarejos ucranianos, é especialmente importante em uma era de "notícias falsas".
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