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"Dior era como alguém da família", relembra modelo dos anos 1950

01/02/2019 12h27

Por Marie-Louise Gumuchian e Hanna Rantala

LONDRES (Reuters) - Quando Odile Kern entrou em um elevador de Paris em algum momento de 1953, viu-se ao lado do estilista Christian Dior -- e em um instante sua vida mudou.

Hoje com 88 anos, Odile já estava na folha de pagamento do estilista no edifício da Avenida Montaigne, mas Dior perguntou quem ela era.

"Eu disse 'senhor, eu me chamo Odile e trabalho para o senhor... na loja. E ele disse 'não, agora você trabalha para mim (como modelo)'".

Odile deixou sua marca na Casa Dior. Fundada em 1946 e no centro da revolução da moda feminina do pós-guerra, a grife continua sendo uma das mais prestigiosas do mundo.

A primeira coleção do estilista, de 1947, apresentou o terno Bar-- uma jaqueta na altura da cintura combinada com uma saia longa-- que foi apelidado de "Novo Estilo".

Falando em uma nova exibição em Londres dedicada à Casa Dior, Odile relembrou como clientes particulares visitavam o ateliê parisiense para ver e encomendar criações sob medida.

"Trabalhávamos para a Casa Dior, ninguém mais, trabalhávamos duas horas por dia para apresentar a coleção todos os dias", contou ela à Reuters.

"Para mim aconteceu por acidente, mas acho que muitas jovens teriam gostado de trabalhar para a Casa Dior... não nos pagavam muito, mas era divertido".   

Dior morreu em 1957 aos 52 anos, e foi sucedido por Yves Saint Laurent, então com 21 anos.

"O senhor Dior não era um chefe normal, era como alguém da família", disse Odile. "Nós o amávamos, admirávamos e respeitávamos".

Svetlana Lloyd se juntou à empresa em 1956, quando entrou na loja durante uma viagem para Londres. Ela foi enviada para os andares superiores de imediato e começou a trabalhar como modelo no dia seguinte.

"Havia 15 modelos, frequentes, desfilávamos todos os dias, algo que não existe (agora), é claro... ele gostava de ter pessoas de formas, alturas e estilos diferentes porque essa era sua clientela", disse.

"... Hoje em dia há muito poucas... encomendas particulares para trajes".

Uma foto de Svetlana envergando um vestido Dior em 1958 integra a exibição "Christian Dior: Estilista de Sonhos", que permanece no Museu Victoria & Albert até julho.