Topo

Artistas cubanos são detidos antes de protesto contra decreto em Havana

Artista cubana Tania Bruguera durante performance em Londres, Reino Unido - Peter Nicholls/Reuters
Artista cubana Tania Bruguera durante performance em Londres, Reino Unido Imagem: Peter Nicholls/Reuters

Sarah Marsh

De Havana (Cuba)

04/12/2018 18h11

Tania Bruguera e diversos outros artistas cubanos foram detidos em Havana na segunda-feira após tentarem realizar um protesto contra um novo decreto que acreditam que irá coibir a criatividade e aumentar a censura contra a cultura em Cuba.

Tania, a mais célebre dos detidos, foi presa pouco depois de sair de casa de manhã e antes de chegar ao Ministério da Cultura, onde os artistas pretendiam fazer a manifestação, disse sua mãe, Argelia Fernandez, à agência Reuters.

A artista performática, que já foi presa antes por protestar publicamente contra o governo comunista, foi solta de noite, disse Argelia, mas foi imediatamente ao ministério para protestar contra a prisão de outros artistas.

"Tudo que posso fazer é mostrar solidariedade", escreveu Tania em sua conta no Facebook no início da manhã de segunda-feira, publicando uma foto de si mesma com uma camiseta com os dizeres "Não ao Decreto 349". "Se me detiverem, farei greve de fome e de sede".

Tania foi detida novamente na noite de segunda-feira, de acordo com Iris Ruiz, atriz e coordenadora do que tem sido uma campanha rara nos últimos meses contra o Decreto 349, uma das primeiras leis assinadas por Miguel Díaz-Canel desde que sucedeu Raúl Castro como presidente em abril.

Argelia disse à Reuters que não tem como localizar a filha porque seu celular parece ter sido bloqueado pela segurança estatal.

Detenções curtas são a reação padrão a protestos de oposição no país, que rejeita a dissidência pública e vê os dissidentes como mercenários pagos pelos Estados Unidos para subverter o governo.

Normalmente, autoridades cubanas não comentam tais atividades policiais.

Como o Decreto 349 deve entrar em vigor na sexta-feira, os manifestantes decidiram intensificar a campanha, realizando manifestações durante toda a semana na escadaria do Ministério da Cultura, incluindo a leitura de poesias e apresentações.

Iris disse que seu marido, o poeta Amaury Pacheco, e outro artista foram detidos ao chegarem juntos ao ministério na manhã de segunda-feira.

Não foi possível localizar três outros artistas que também estavam a caminho do local, incluindo o líder da campanha, Luis Manuel Otero Alcántara, o que leva a crer que também foram detidos, disse Iris. O celular de Otero Alcántara parece ter sido desligado.

Autoridades cubanas afirmam que o decreto só almeja impedir a sonegação fiscal e a disseminação de uma pseudo-cultura ruim, dizendo que a questão está sendo manipulada por contrarrevolucionários.