Líder de comunidade judaica critica lentidão da Alemanha com arte confiscada
BERLIM (Reuters) - A Alemanha está fugindo da sua responsabilidade pelo Holocausto ao agir vagarosamente para devolver obras de arte confiscadas pelos nazistas e falhar em reprimir ressurgente antissemitismo, disse neste domingo o líder do Congresso Mundial Judaico.
Ronald Lauder afirmou ao jornal Welt am Sonntag que outros países têm um retrospecto muito melhor na documentação de obras de arte das suas coleções que foram confiscadas pelo regime nazista e no retorno de peças aos donos por direito.
Os Estados Unidos ampliaram um estatuto federal para que a restituição dessas obras possa se dar até seis anos depois do momento da descoberta. O Reino Unido colocou toda a sua coleção de quadros na internet, disse Lauder na entrevista.
A Alemanha, ao contrário, digitaliza a sua coleção e pesquisa os donos originais de forma lenta, segundo ele, também preocupado com as passeatas neonazistas em partes do país.
"Um país que está fazendo muito pouco é a Alemanha. A Alemanha tem uma responsabilidade histórica de fazer o correto. Todos sabemos que o Holocausto teve a sua origem lá e se espalhou a partir de lá", declarou.
A comissária de cultura da Alemanha, Monika Gruetters, disse em uma audiência em Israel no mês passado que triplicou o financiamento para pesquisas sobre a posse da chamada "arte perdida" e citou o que ela chamou de grande progresso na compreensão e tratamento do roubo de arte nazista.
Lauder também disse que estava incomodado com as marchas neonazistas e os slogans antissemitas que surgiram na cidade de Chemnitz, no leste da Alemanha, e na cidade de Dortmund, no oeste do país.
"Quando nós, como judeus, vemos essas marchas e ouvimos os slogans antissemitas e as chamadas 'Heil Hitler', isso nos lembra o que aconteceu na Kristallnacht (Noite dos Cristais) de 1938", disse ele, referindo-se à onde de violência em 9 de novembro 1938 que culminou na morte de milhões de judeus.
"Tudo está conectado ... Se a Alemanha permitir isso, envia um sinal para o resto do mundo que mostra que a Alemanha não está cumprindo suas responsabilidades", acrescentou.
(Reportagem de Andrea Shalal)
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