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França se despede de Charles Aznavour com homenagem a raízes armênias do cantor

05/10/2018 10h23

Por Brian Love

PARIS (Reuters) - A França disse adeus a Charles Aznavour nesta sexta-feira com uma homenagem que refletiu o status do cantor como um ícone nacional entre franceses e no país de suas origens, a Armênia.

O caixão de Aznavour foi levado ao pátio do museu militar Les Invalides, em Paris, onde Napoleão está enterrado, ao som marcante do instrumento de sopro duduk, de origem armênia.

O cantor e compositor morreu nesta semana aos 94 anos.

"Na França, os poetas nunca morrem", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, diante do caixão, que foi coberto com a bandeira azul, branca e vermelha do país e colocado ao lado de uma coroa de flores com as cores da Armênia.

Macron deve viajar à Armênia na semana que vem, em uma visita oficial da qual Aznavour esperava participar.

"Armênios de todos os países, hoje estou pensando em vocês", disse Macron. "Ele deveria ser um de nós na semana que vem em Yerevan, sua ausência deixará um vazio gigantesco".

Celebridades como o ator Jean-Paul Belmondo e os dois antecessores de Macron compareceram à cerimônia em um dia de céu azul em Paris.

Aznavour, cujo apelo global foi intensificado por sua capacidade de cantar em mais de meia dúzia de idiomas, morreu em sua casa de campo em Mouries, um vilarejo de Alpilles, região do sul francês, na madrugada de domingo para segunda-feira.

Entre suas músicas mais conhecidas --Aznavour vendeu mais de 100 milhões de álbuns-- estão "Hier Encore", "Après l'Amour" e "La Bohème". Outros verdadeiros hinos incluem "She" e "Formidable".

Nascido em 22 de abril de 1924 como Shahnour Varinag Aznavourian, o cantor era filho de pais armênios.

Aznavour cresceu na margem esquerda do Rio Sena, em Paris, e começou a se apresentar com nove anos de idade. Suas primeiras apresentações foram em festas armênias nas quais seu pai e irmã mais velha, Aida, cantavam enquanto ele dançava.

O cantor se tornou conhecido compondo para Edith Piaf depois da Segunda Guerra Mundial, e mais tarde levou plateias ao delírio em palcos tão distantes quanto o Carnegie Hall de Nova York.

Macron abraçou e conversou com a viúva de Aznavour, Ulla, e com familiares do cantor, antes de se posicionar ao lado de líderes armênios para uma cerimônia que começou com uma versão do hino nacional armênio interpretada por uma banda militar seguida pelo hino da França.

O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pachinyan, também homenageou o artista, dizendo: "Charles Aznavour é o homem que cravou a bandeira da Armênia no teto do mundo".