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Rapper muçulmano cancela shows em Paris após protestos da extrema-direita

21/09/2018 16h16

PARIS (Reuters) - Um rapper muçulmano francês disse nesta sexta-feira que está cancelando duas apresentações em uma casa de shows de Paris atacada por militantes islâmicos três anos atrás, dizendo que teve que desistir por motivos de segurança depois que a extrema-direita o acusou de insuflar divisões.

A líder de extrema-direita Marine Le Pen comemorou o cancelamento dos shows do rapper Medine no Bataclan, onde 90 pessoas morreram em um ataque coordenado pelo Estado Islâmico, classificando-o como "uma vitória para todas as vítimas do terrorismo islâmico".

    Medine, artista de 35 anos que já usou frases como "crucifiquem os secularistas" e "eu ponho fatwas nas cabeças de idiotas" em sua canções, disse à mídia online Clique no ano passado que é um provocador de maneira intencional para tentar acabar com estereótipos.

    Mas seus planos para realizar os dois espetáculos nos dias 19 e 20 de outubro provocaram revolta na direita política, e Le Pen e o líder conservador Laurent Wauquiez disseram que seriam uma afronta às vítimas do massacre na casa de shows.

    Tanto a equipe do Bataclan quanto o cantor resistiram aos clamores por um cancelamento, mas emitiram comunicados nesta sexta-feira dizendo que as apresentações não acontecerão.

    A França, um país secular, vem se esforçando há tempos para assimilar sua grande população muçulmana, composta sobretudo de descendentes de imigrantes de suas antigas colônias. A questão se tornou ainda mais delicada depois dos ataques de 2015.

    O Bataclan reabriu um ano após os atentados em Paris, nos quais 130 pessoas foram mortas em ações coordenadas de atiradores e homens-bomba que atingiram um estádio, vários cafés e a casa de shows.

    (Por Ingrid Melander)