Bono visita papa para discutir casos de pedofilia na Igreja
Bono, vocalista da banda de rock irlandesa U2, se encontrou com o papa Francisco nesta quarta (19) e disse mais tarde que ele é um homem extraordinário e que está sofrendo sinceramente por causa de uma crise de abusos sexuais na Irlanda.
Bono e o pontífice conversaram durante mais de 30 minutos durante uma reunião para firmar uma parceria entre a ONE, organização global de campanhas e ativismo do músico que almeja acabar com a pobreza extrema, e um grupo papal chamado Scholas Occurrentes, que ajuda a fomentar a cooperação entre escolas de todo o mundo.
"Tendo acabado de chegar da Irlanda, inevitavelmente conversamos sobre ele estar consternado com o que aconteceu na Igreja", disse Bono aos repórteres mais tarde.
Durante sua viagem à Irlanda no mês passado, Francisco pediu perdão pela enormidade de abusos sofridos por vítimas aos cuidados da Igreja ao longo de décadas.
"Expliquei a ele como parece a algumas pessoas que os abusadores estão sendo mais protegidos do que as vítimas, e dava para ver o sofrimento em seu rosto", contou o cantor.
"Senti que ele foi sincero, e acho que ele é um homem extraordinário em uma época extraordinária."
Anos de escândalos de abusos sexuais devastaram a credibilidade da Igreja, que há quatro décadas dominava a sociedade irlandesa. Nos últimos três anos os eleitores irlandeses aprovaram o aborto e o casamento gay em referendos, desafiando o Vaticano.
Bono também disse que ele e o papa debateram questões ligadas ao desenvolvimento e a encíclica "Laudato Si" de 2015 de Francisco, que apoia iniciativas para defender o planeta do aquecimento global e da mudança climática e pediu uma distribuição mais igualitária dos recursos da Terra.
"Temos que repensar a fera selvagem que é o capitalismo. Embora não seja imoral, é amoral e exige nossa instrução, e ele (o papa) está muito envolvido nisso", afirmou Bono.
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