Diretora de filme de amor lésbico processa Quênia para reverter proibição
NAIRÓBI (Reuters) - A diretora queniana de um filme proibido em sua terra natal por contar uma história de amor entre duas mulheres entrou com uma ação judicial para reverter a suspensão de modo que a película possa ser cogitada para uma indicação do país ao Oscar, mostraram documentos jurídicos.
"Rafiki", que significa amiga na língua suaíli, foi o primeiro título queniano a estrear no Festival Internacional de Cinema de Cannes. Ele é baseado em "Jambula Tree", conto premiado da escritora ugandense Monica Arac de Nyeko.
Para disputar a indicação do Quênia à categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2019, ele precisa ter sido lançado no circuito nacional, mas o país do leste africano o proibiu em abril alegando que ele promove o lesbianismo. O prazo para um lançamento é 30 de setembro.
Wanuri Kahiu, que dirigiu "Rafiki", processou o chefe do Comitê de Classificação Cinematográfica do Quênia, Ezekiel Mutua, e o procurador-geral, mostraram documentos legais vistos pela Reuters.
O comitê, que tem que verificar os roteiros antes do início das filmagens, impôs a proibição, dizendo no Twitter: "Qualquer pessoa que for encontrada de posse dele estará violando a lei". A lei em questão remonta aos tempos coloniais e determina que o sexo gay é punível com 14 anos de prisão.
A proibição representou uma reversão do comitê, já que anteriormente Mutua havia elogiado o filme por ser "uma história sobre as realidades do nosso tempo". Em 2015 o comitê também barrou o filme erótico "Cinquenta Tons de Cinza".
A homossexualidade é um tabu em grande parte da África, onde os gays enfrentam discriminação ou perseguição. Mas nos últimos anos defensores dos direitos de lésbicas, bissexuais, gays e transgêneros vêm se tornando cada vez mais explícitos.
(Por Humphrey Malalo)
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