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Willem Dafoe encarna o gênio atormentado de Van Gogh em estreia em Veneza

03/09/2018 16h57

Por Sarah Mills e Robin Pomeroy

VENEZA, Itália (Reuters) - Com sua barba ruiva, seu chapéu de palha e uma expressão triste e magoada, Willem Dafoe aparece assombrosamente semelhante a um autorretrato de Vincent Van Gogh em uma cinebiografia que estreou no Festival Internacional de Cinema de Veneza nesta segunda-feira.

"At Eternity's Gate" começa mostrando um Van Gogh empobrecido em Paris nos anos 1880, quando suas pinturas são, na melhor da hipóteses, ignoradas, e na pior, tachadas de incompetentes.

    A trama o acompanha ao sul da França, entrando e saindo de manicômios, e termina com sua morte alguns anos mais tarde, aos 37 anos, com uma bala no estômago que, no filme, não é resultado do suicídio que historiadores especulam ter sido a causa de sua morte.

O filme foi dirigido por Julian Schnabel, que fez "O Escafandro e a Borboleta" e é ele mesmo um artista que recriou algumas das obras de Van Gogh para a filmagem e ajudou Dafoe a aprender como usar um pincel.

    "Há muita pintura no filme. Tive que aprender como pintar", disse Dafoe à Reuters.

    "Julian é um grande artista e um grande professor, e tê-lo ali me ensinando como enxergar de uma maneira nova foi empolgante".

    Dafoe interpreta Van Gogh como um homem profundamente solitário que encontra consolo na natureza e no trabalho: "Pinto para parar de pensar", diz ele em certo momento.

    Embora sofra apagões e tenha surtos de raiva, seu Van Gogh não passa a impressão de ser louco, mas certamente de uma vítima de tormentos mentais. "Ele enxergou o valor (do sofrimento)", opinou o ator. "Ele pensava que a doença pode nos curar. Ele valorizava isso, mas isso é muito diferente da ideia normal das pessoas pensarem que ele era só um 'gênio louco'".