Mike Leigh leva drama sobre direito ao voto na Inglaterra ao Festival de Veneza
Por Robin Pomeroy
VENEZA, Itália (Reuters) - Em 1819, tropas montadas atacaram de espadas em punho uma manifestação pró-democracia no norte da Inglaterra, matando mais de uma dezena de pessoas e ferindo centenas, no que ficou conhecido como um acontecimento histórico na luta pelo direito ao voto para as pessoas comuns.
Obviamente não havia câmeras para registrar, mas jornalistas presentes ao confronto no Campo de São Pedro de Manchester compararam a devastação à batalha de Waterloo, na qual Napoleão havia sido derrotado quatro anos antes, e o apelidaram de Massacre de Peterloo.
A história é recontada por Mike Leigh, diretor britânico que surpreendeu ao se voltar a um drama histórico em "Sr. Turner", cinebiografia do pintor homônimo, em 2014, mas que insiste que "Peterloo" é tão relevante ao presente quanto os filmes contemporâneos que lhe renderam fama.
"Estamos em um mundo de desintegração, de muitas maneiras, no que diz respeito à democracia propriamente dita", disse Leigh à Reuters em uma entrevista no Festival Internacional de Cinema de Veneza.
"A democracia é uma coisa importante e boa, e sabemos pelo que aconteceu no Reino Unido e pelo que aconteceu nos Estados Unidos que a democracia também pode nos levar na direção errada".
O filme mostra a véspera do protesto, enfocando os trabalhadores dos moinhos de algodão de Manchester que sofrem com os salários declinantes e os aumentos dos preços de alimentos que os donos de terras e indústrias que compõem as classes dominantes estão mais do que satisfeitos em manter.
"Peterloo" é um dos 21 filmes competindo pelo Leão de Ouro, que será entregue no dia 8 de setembro.
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