"Charlie Says" conta história de Charles Manson sob perspectiva feminina
Charles Manson não empunhou as facas na onda de assassinatos de 1969 que acabou com o sonho hippie californiano, então o que levou as pessoas a conduzirem os crimes sob suas ordens? Essa é a questão colocada em "Charlie Says", que estreou no festival de Veneza neste domingo.
Matt Smith, astro das série "Doctor Who" e "The Crown", interpreta Manson, um pequeno criminoso de olhos arregalados que cria uma comunidade hippie onde seus seguidores o adoram como um messias, apegando-se a cada palavra de suas incoerentes profecias sobre o Armagedom.
Dirigido pela canadense Mary Harron, que fez "Psicopata Americano" (2000), com Christian Bale no papel principal, "Charlie Says" é ambientado três anos após os assassinatos de, entre outros, a esposa de Roman Polanski, Sharon Tate, e o filho ainda em seu ventre.
Cumprindo prisão perpétua estão três mulheres, ainda enfeitiçadas por Manson e agarradas à sua promessa de que todas viverão a próxima guerra racial em um buraco no deserto do qual elas emergirão para povoar um glorioso mundo novo.
Tentando reverter a lavagem cerebral, um professor da prisão se mostra surpreso com o fato de as moças de olhos brilhantes estarem despreocupadas com seus crimes e com a prisão perpétua.
"Essa é uma perspectiva que ninguém viu e ninguém realmente se concentrou inteiramente, sobre como elas terminaram lá e por que fizeram as coisas que fizeram", disse Harron à Reuters em uma entrevista.
"Para mim esse é o grande mistério. Você sabe que Charles Manson era insano, mas elas não eram, então como ele conseguiu que elas fizessem essas coisas?"
Smith, que interpreta Manson com uma guitarra pendurada no pescoço enquanto escolhe músicas de terceira categoria que ele acredita que o levarão ao estrelato mundial, disse: "Este não é um filme sobre Charles Manson."
"Não há nada de novo para descobrir (sobre ele), mas eu gosto da idéia de que este foi um filme sobre o que fez essas garotas cometerem esses crimes."
A roteirista Guinevere Turner, que coescreveu o roteiro de "Psicopata Americano" com Harron, disse que queria mostrar como pode não ser tão difícil quanto se pensa cair no conto de um vigarista carismático, se ele estivesse oferecendo a promessa do verdadeiro amor e da salvação.
"Eu meio que tentei implicar o público em 'o que você faria?' Foi tudo muito divertido e feliz, orgias e drogas no começo, e isso foi ótimo. E então isso mudou. A dúvida é: em que parte da jornada você teria ido embora?"
"Charlie Says" está competindo no segmento Orizzonti do Festival de Cinema de Veneza, que vai até o dia 8 de setembro.
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