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Cineasta francês Claude Lanzmann, criador de "Shoah", morre aos 92 anos

05/07/2018 10h23

GENTE-CLAUDELANSMANN-OBITUARIO:Cineasta francês Claude Lanzmann, criador de "Shoah", morre aos 92 anos

Por Jean-Baptiste Vey

PARIS (Reuters) - O cineasta, escritor e comentarista francês Claude Lanzmann, mais conhecido por seu documentário "Shoah", um relato oral de nove horas e meia sobre o Holocausto, morreu em Paris aos 92 anos, informou a editora Gallimard nesta quinta-feira.

Homem de letras e muito culto, que passou a maior parte dos anos 1950 morando com Simone de Beauvoir e trabalhando ao lado de Jean-Paul Sartre e outros filósofos, Lanzmann se sentia igualmente em casa como escritor, cineasta, memorialista, jornalista e palestrante.

Ele recebeu a Legião de Honra, a mais alta ordem de mérito da França, por sua obra em 2006, e continuou atuando como editor do Les Temps Modernes, jornal fundado por Sartre, depois de completar 90 anos.

Nascido nos subúrbios de Paris em 1925 em uma família judia que havia migrado do leste da Europa, Lanzmann chegou à maioridade durante a ocupação nazista da França e serviu na resistência.

Em meados dos anos 1970, Lanzmann começou a trabalhar em um relato oral do Holocausto, realizando diversas entrevistas com sobreviventes, perpetradores e testemunhas do assassinato de seis milhões de judeus pelas mãos dos nazistas.

Ao todo ele passou 11 anos fazendo "Shoah", a palavra hebraica para Holocausto, que foi lançado em 1985.

Embora com mais de nove horas de duração, o filme foi aclamado pela crítica e exibido em cinemas e na televisão. Grande parte das imagens e transcrições das entrevistas estão no museu Memorial do Holocausto em Washington, nos Estados Unidos.

Em 2009 ele publicou sua autobiografia, "A Lebre da Patagônia", que registra sua juventude e o impacto do nazismo em sua vida e fala sobre seu relacionamento com Simone de Beauvoir, que durante seu tempo juntos também esteve com Sartre.

Lanzmann, que foi casado três vezes, teve dois filhos --Angelique e Felix, que morreu de câncer em 2017 aos 23 anos.

O filósofo francês Bernard-Henri Lévy disse estar arrasado com a morte de Lanzmann.

"Ele era um homem corajoso. Um cineasta enorme. Um bom homem", disse no Twitter. "Nunca me perdoarei por nossas brigas. Valorizarei como um tesouro os belos tempos que passamos juntos".