Spike Lee diz que filme sobre Ku Klux Klan foi grito de alerta aos EUA de Trump
O filme de Spike Lee sobre a Ku Klux Klan pode se passar nos anos 1970, mas na verdade trata do racismo mortal que ainda prevalece nos Estados Unidos, disse o diretor nesta terça-feira (15) no Festival Internacional de Cinema de Cannes.
"BlacKkKlansman", baseado na história verídica de Ron Stallworth, policial negro que se infiltrou na filial da KKK da cidade de Colorado Springs, é estrelado por John David Washington, filho de Denzel Washington, e Adam Driver, que interpreta o policial branco que o ajuda com o subterfúgio.
No final do filme, a comédia satírica dá lugar a cenas do noticiário sobre a manifestação de extrema-direita em Charlottesville, no Estado da Virgínia, em agosto, na qual a manifestante opositora Heather Heyer foi morta, e vídeos do presidente dos EUA, Donald Trump, culpando "os dois lados" pela violência.
Um Spike Lee controladamente furioso aproveitou uma coletiva de imprensa em Cannes para expressar sua opinião a esse respeito.
"Aquele maldito teve a chance de dizer 'Somos pelo amor, e não pelo ódio'", afirmou.
"E aquele maldito não denunciou a maldita Klan, a direita alternativa e aqueles malditos nazistas. Foi um momento determinante, e ele poderia ter dito ao mundo, não aos Estados Unidos, que estamos acima disso."
Dois dias depois do acontecimento, Trump disse que a KKK e grupos semelhantes são "repugnantes para tudo que valorizamos como americanos".
Mas foi tarde demais para Lee: "Este filme é um grito de alerta", afirmou.
"Porque partimos para o 'deixa para lá', para andar em um estado de torpor, e as coisas estão acontecendo e está tudo de pernas para o ar e o falso é trombeteado como se fosse verdadeiro", disse.
"É disso que este filme fala, e sei em meu coração, não importa o que os críticos nem ninguém mais diga, que estamos do lado certo da história com este filme."
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