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Ex-assistente de Weinstein tinha medo de ser presa caso contasse o que sabia

Harvey Weinstein no tapete vermelho do Oscar 2017 - Mike Blake/Reuters
Harvey Weinstein no tapete vermelho do Oscar 2017 Imagem: Mike Blake/Reuters

Estelle Shirbon

Londres (EUA)

28/03/2018 13h29

Por Estelle Shirbon

LONDRES (Reuters) - Uma ex-assistente de Harvey Weinstein que assinou um acordo de sigilo em 1998 que a impede de falar sobre o suposto estupro de uma colega contou a parlamentares britânicos que foi levada a temer ir para a prisão se falasse sobre o caso.

Zelda Perkins, que trabalhou nos escritórios dos estúdios Miramax de Weinstein em Londres entre 1995 e 1998, se demitiu depois que uma colega lhe disse que o produtor de cinema norte-americano tentou violentá-la durante um encontro em Veneza, onde acompanhavam um festival de filmes.

Weinstein negou todas as alegações de sexo não-consensual feitas por mais de 70 mulheres. A Reuters não verificou de forma independente as alegações feitas por dezenas de mulheres contra ele.

Prestando informações nesta quarta-feira a um comitê de parlamentares britânicos que investigam o assédio sexual no ambiente de trabalho, Zelda disse que estava coagida quando assinou o acordo de sigilo, que descreveu como imoral.

Segundo ela, advogados disseram que ela não tinha nenhuma opção realista a não ser assinar o acordo por causa da disparidade de dinheiro e poder entre ela e Weinstein.

Ela e sua colega foram alertadas que, se tentassem procurar a polícia, suas vidas e reputações poderiam ser destruídas.

Zelda, que tinha 24 anos à época, disse que as negociações que levaram ao acordo de sigilo envolveram reuniões exaustivas com advogados, incluindo uma que foi das 17h às 5h do dia seguinte.

"Era uma espécie de mentalidade de cerco. Você perde a noção de tempo e espaço. Você está em uma batalha", contou ela aos parlamentares.

Ela morou fora do Reino Unido durante cinco anos para reconstruir sua vida e jamais conseguiu voltar a trabalhar com cinema.