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ESTREIA-Elenco feminino é o ponto forte no drama "Faces de uma Mulher"

24/05/2017 16h00

FILME-ESTREIA-FACES:ESTREIA-Elenco feminino é o ponto forte no drama "Faces de uma Mulher"

SÃO PAULO (Reuters) - O drama ?Faces de uma Mulher? tem como ponto forte a apresentação do arco da vida de uma jovem mulher, interpretada por várias atrizes ao longo do filme do diretor francês Arnaud des Pallières (?Michael Kolhhaas ? Justiça e Honra?).

Essa sucessão de faces diferentes, que usam nomes distintos ao longo da narrativa, faz parte do jogo com o espectador, por mais que o título em português na verdade entregue isso logo de cara.

Ainda assim, essa alternância de idades, mesmo que mais ou menos próximas, dão conta da intensidade de pressões, traumas e carências a que foi submetida a protagonista ao longo de sua curta vida.

Embaralhando um pouco as cartas, o diretor opta por contar sua história fora de ordem cronológica, o que dá maior impacto dramático às desventuras de Renée (Adèle Haenel, de ?A Garota Desconhecida?).

Quando a história começa, ela é vista como diretora de uma escola infantil, profundamente engajada com problemas sociais de uma clientela de crianças filhas de imigrantes. Paralelamente, vê-se a saída da prisão de Tara (Gemma Arterton), ainda sem que se saiba o que têm em comum mulheres tão diferentes.

Quando Tara desembarca na escola, o choque de Renée é visível -- a outra veio cobrar uma velha dívida, resultado de um passado clandestino, que o marido de Renée, Darius (Jalil Espert) nem pode imaginar.

Daí em diante, alternam-se na tela Sandra (Adèle Exarchopoulos, de ?Azul é a Cor mais Quente?), a adolescente Karine (Solène Rigot) e a menininha Kiki (Vega Cuzytek), formando o caleidoscópio de flashbacks que dá sentido à vida de Renée.

Em todas essas trajetórias é comum a violência e o abuso de figuras masculinas, inclusive o pai de Kiki (Nicolas Duvauchelle). São exceções Maurice (Sergi López), que cruza por acaso o caminho de Karine, e Darius.

Co-autor do roteiro, ao lado de Christelle Berthevas, Pallières mantém a tela pulsando ao sabor das desventuras destas figuras, ainda que impregnando os acontecimentos de uma dose um tanto excessiva de determinismo.

Também deixa escapar um certo voyeurismo em cenas de sexo e violência que provavelmente poderia acomodar de um jeito melhor.

É inegável, no entanto, que cerra fileiras em torno de suas atrizes, que estão entre algumas das melhores da França atual -- e há também a competente inglesa Gemma Arterton, vista nos saborosos ?Gemma Bovery ? A Vida Imita a Arte? e ?O Retorno de Tamara?.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb