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"Estão fechando o cerco", diz fundador da Netflix após restrição em Cannes

Reed Hastings, CEO e co-fundador da Netflix, dá palestra sobre a empresa em São Paulo - Henrique Manreza/Divulgação
Reed Hastings, CEO e co-fundador da Netflix, dá palestra sobre a empresa em São Paulo Imagem: Henrique Manreza/Divulgação

De Londres (Reino Unido)

10/05/2017 15h55

A Netflix, um dos mais populares serviços de streaming do mundo, não poderá competir no Festival Internacional de Cinema de Cannes depois de 2017 a menos que mude sua política e lance seus filmes no cinema, informaram organizadores nesta quarta (10).

Por causa da restrição, o fundador e CEO da Netflix, Reed Hastings, fez um breve, mas desafiador comentário em sua página no Facebook: "O establishment fechando o cerco contra nós. Veja Okja na Netflix em 28 de junho, filme incrível que as redes de cinema querem impedir nossa entrada na competição do festival de cinema de Cannes", disse.

O festival deste ano, que começa na semana que vem, tem filmes da Netflix em sua mostra competitiva pela primeira vez, uma decisão que revoltou o setor de salas de cinema da França, já que a empresa disse que suas produções só estarão disponíveis em streaming para assinantes.

O diretor do festival, Thierry Fremaux, havia dito acreditar que a Netflix vai providenciar algum tipo de lançamento cinematográfico de dois filmes na competição, "The Meyerowitz Stories" e "Okja", ambos muito aguardados e contando com astros como Jake Gyllenhaal, Ben Stiller e Tilda Swinton.

Mas nesta quarta (10) o festival disse que tal acordo não foi feito e que, embora os dois filmes tenham tido permissão de continuar competindo neste ano, no futuro nenhum filme será aceito sem uma garantia de distribuição nos cinemas franceses.

"O festival dá as boas vindas a uma nova operadora que decidiu investir em cinema", disseram representantes do evento em seu site, em resposta a rumores de que os filmes da Netflix seriam excluídos de última hora de Cannes 2017.

"[Cannes] quer reiterar seu apoio ao modelo tradicional de exibição nos cinemas na França e no mundo", continuou, acrescentando que a partir do ano que vem suas regras irão afirmar explicitamente que qualquer filme inscrito para competir terá que "se comprometer a ser distribuído em cinemas franceses."

Na França, que defende sua cultura e sua língua orgulhosamente contra o domínio global dos Estados Unidos, a decisão é uma vitória para o setor de distribuição de filmes tradicional.