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Roteiristas de TV dos EUA ameaçam fazer greve; Trump e serviços de streaming se beneficiariam

Lisa Richwine e Jill Serjeant

Los Angeles e Nova York (EUA)

28/04/2017 15h08

Por Lisa Richwine e Jill Serjeant

LOS ANGELES/NOVA YORK (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode finalmente ter uma folga.

Os talk shows de fim de noite e os programas humorísticos sobre a atualidade exibidos na televisão norte-americana, como o "Saturday Night Live" da rede NBC, serão os primeiros afetados se o Sindicato de Roteiristas da América (WGA, na sigla em inglês) entrar em greve na semana que vem, uma paralisação que analistas de mídia dizem poder levar os espectadores a debandarem de vez para os serviços de streaming.

    As negociações contratuais devem durar até o último instante neste final de semana para se evitar uma greve de cerca de 9 mil roteiristas de TV e cinema, caso estes não cheguem a um acordo com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) até a noite de segunda-feira.

    "Uma greve de qualquer duração irá levar as audiências para longe das emissoras e das plataformas a cabo e rumo ao digital", disse Jonathan Handel, advogado do setor de entretenimento e editor contribuinte da revista Hollywood Reporter que escreveu um livro sobre a última greve do WGA, ocorrida entre 2007 e 2008.

    No cerne da disputa está a revolução televisiva na qual Netflix, Amazon e Hulu reverteram o modelo tradicional de "temporadas" fixas consistindo de cerca de 22 episódios de comédia e drama roteirizados.

    A nova tendência é de menos episódios ? de 8 a 10 em muitos casos ?, mas os roteiristas de TV ainda são pagos por episódio. Os royalties (conhecidos como residuais) são menores nos serviços de streaming do que nas emissoras, o que fez com que os ganhos do roteirista-produtor de TV mediano caíssem 23 por cento no período 2015-2016 se comparados com 2013-2014, argumenta o WGA.

"Em uma época de demanda sem precedentes, os roteiristas de TV estão, ilogicamente, ganhando menos", disse a entidade em um informativo.

    "Ninguém quer fazer greve. A perspectiva é aterrorizante", disse Nadria Tucker, roteirista do drama "Underground", da WGN, sediada em Los Angeles. "Mas o negócio está mudando tão rápido que todos nós estamos tentando simplesmente acompanhar o ritmo".

    Nenhum dos lados está comentando publicamente as negociações, mas qualquer greve afetaria rapidamente produções como "The Late Show", da CBS, "The Daily Show", da Comedy Central, e "Saturday Night Live", que dependem de equipes de roteiristas para suas piadas sobre temas atuais ? e que têm feito de Trump e seus assessores alvos constantes.

    (Reportagem adicional de Jessica Toonkel, em Nova York)