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Após ocupação do EI, museu de Mosul vira amontado de entulho e destruição

Imagem do museu de museu de Mosul, no norte do Iraque - Thaier Al-Sudani/Reuters
Imagem do museu de museu de Mosul, no norte do Iraque Imagem: Thaier Al-Sudani/Reuters

Kawa Omar

De Mosul (Iraque)

11/03/2017 15h18

Após dois anos e meio sob controle do Estado Islâmico, tudo que resta no museu de Mosul são traços de roubos e destruição.

Dentro dos escombros do prédio, onde militantes se filmaram destruindo artefatos antigos, a grande asa de pedra da estátua de Iamassu, uma deidade assíria alada, fica jogada no chão sujo ao lado de outras partes quebradas do passado.

Um bloco marcado com caligrafia árabe islâmica fica próximo, e alguns manuscritos islâmicos foram deixados intocados. Mas quase tudo se foi.

"O que eles não roubaram, eles destruíram", disse o tenente Abdel Amir al-Mohammedawi, da unidade de Resposta Rápida da elite militar iraquiana, que capturou o prédio do museu do Estado Islâmico há poucos dias.

A batalha contra militantes ainda seguia em áreas próximas neste sábado, no entanto, no momento em que um repórter cinematográfico da Reuters visitava o local com tropas iraquianas.

Dezenas de artefatos assírios, acádios, babilônicos, persas e romanos do museu foram roubados ou danificados.

"Alguns foram traficados para fora do Iraque", disse Mohammedawi.

Militantes do Estado Islâmico se filmaram destruindo com marretas alguns dos itens do prédio em 2015, incluindo estátuas inestimáveis, como parte de uma campanha para apagar qualquer história cultural que seja contrária à interpretação extremista do islã sunita.

Antiga peça do museu de Mosul, após ocupação do Estado Islâmico - Thaier Al-Sudani/Reuters - Thaier Al-Sudani/Reuters
Antiga peça do museu de Mosul, após ocupação do Estado Islâmico
Imagem: Thaier Al-Sudani/Reuters

FONTE DE RENDA

Mas eles também usaram as antiquidades como uma fonte de renda. Escavações sob uma antiga mesquita em Mosul, recentemente descobertas após retirada dos militantes, mostraram que eles saquearam artefatos.

Os esforços para evitar danificar algumas antiguidades contrastam com a destruição de locais antigos pelo califado auto-declarado do Estado Islâmico na Síria e Iraque, da cidade deserta de Palmira à capital assíria de Nimrud, sul de Mosul.

Os Estados Unidos disseram que roubo e tráfico de artefatos têm sido uma fonte de renda significativa para os militantes. Em julho de 2015, autoridades norte-americanas entregaram ao Iraque uma série de antiguidades que disseram terem sido tomadas do Estado Islâmico na Síria.

Uma campanha iraquiana apoiada pelos Estados Unidos deslocou o Estado Islâmico da maioria das cidades iraquianas capturadas em 2014 e 2015. O grupo militante agora luta em seu último grande reduto urbano, na parte ocidental de Mosul, onde fica o museu.

A fachada do prédio, que conta com colunas de estilo romano, está escurecida por tiros e foguetes e furada com buracos de balas.

Uma igreja católica caldeia próxima ao museu também foi danificada, com seu altar quebrado no meio.

O corpo de um combatente do Estado Islâmico estava próximo à entrada da igreja neste sábado, dias após o confronto seguir adiante.

Tropas iraquianas retiraram dos escombros algumas das históricas lajes de pedra do museu, que fica fora da cidade antiga de Mosul, uma das últimas fortalezas do Estado Islâmico em Mosul.

Destroços no museu de Mosul, no Iraque - Thaier Al-Sudani/Reuters - Thaier Al-Sudani/Reuters
Destroços no museu de Mosul, no Iraque
Imagem: Thaier Al-Sudani/Reuters