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Chefe de antiguidades da Síria diz que Turquia se recusa a devolver arte saqueada

11/12/2015 10h28

Por Shadia Nasralla

VIENA (Reuters) - O chefe de antiguidades da Síria, Maamoun Abdulkarim, acusou a Turquia de se recusar a devolver objetos saqueados de patrimônios antigos na Síria ou fornecer informações sobre os artefatos, acusações negadas pelo governo turco.

A Síria e a Turquia estão em atrito desde o início da rebelião contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, em 2011. A Turquia apoia grupos armados que lutam contra o governo de Assad.

Mais recentemente, os militantes do Estado Islâmico, que declararam um califado no território que ocupam na Síria e no Iraque, destruíram monumentos que consideram sacrílegos.

Um museu da cidade síria de Palmyra, um Patrimônio Mundial da Unesco, tomada pelos militantes jihadistas em maio, foi transformado em uma prisão e tribunal, disse Abdulkarim à Reuters.

Ainda mais destrutivo para o património arqueológico da Síria são escavações ilícitas em locais como Palmyra e a localidade de Mari, ainda mais antiga, perto da fronteira com o Iraque, disse.

Segundo Abdulkarim, mais de 2 mil objetos saqueados desses sítios arqueológicos foram apreendidos na Turquia, que, ao contrário de outros países vizinhos da Síria, se recusa a cooperar com as autoridades sírias na documentação e devolução dos artefatos.

"O governo turco se recusa a registrar (os objetos apreendidos). Não há informações, não há imagens. Não é transparente", declarou Abdulkarim à Reuters, em uma entrevista em Viena. "Eles precisam mudar sua abordagem. Eles nos disseram que não podem (fazer isso) porque a lei os proíbe de declarar o que têm", afirmou.

Um porta-voz do Ministério da Cultura da Turquia afirmou que as alegações de Abdulkarim são "infundadas".

"Algumas antiguidades sírias podem ter sido contrabandeadas para a Turquia... Estamos fazendo o nosso melhor para evitar tal contrabando", disse. "Quando apreendemos essas antiguidades nós as devolvemos às instituições do país relacionado. Recentemente nós treinamos nossa polícia de fronteira sobre a questão. Acho que essas acusações têm motivação política", disse o funcionário.

(Reportagem adicional de Ercan Gurses, em Ancara)