Chefe de antiguidades da SÃria diz que Turquia se recusa a devolver arte saqueada
Por Shadia Nasralla
VIENA (Reuters) - O chefe de antiguidades da SÃria, Maamoun Abdulkarim, acusou a Turquia de se recusar a devolver objetos saqueados de patrimônios antigos na SÃria ou fornecer informações sobre os artefatos, acusações negadas pelo governo turco.
A SÃria e a Turquia estão em atrito desde o inÃcio da rebelião contra o presidente sÃrio, Bashar al-Assad, em 2011. A Turquia apoia grupos armados que lutam contra o governo de Assad.
Mais recentemente, os militantes do Estado Islâmico, que declararam um califado no território que ocupam na SÃria e no Iraque, destruÃram monumentos que consideram sacrÃlegos.
Um museu da cidade sÃria de Palmyra, um Patrimônio Mundial da Unesco, tomada pelos militantes jihadistas em maio, foi transformado em uma prisão e tribunal, disse Abdulkarim à Reuters.
Ainda mais destrutivo para o património arqueológico da SÃria são escavações ilÃcitas em locais como Palmyra e a localidade de Mari, ainda mais antiga, perto da fronteira com o Iraque, disse.
Segundo Abdulkarim, mais de 2 mil objetos saqueados desses sÃtios arqueológicos foram apreendidos na Turquia, que, ao contrário de outros paÃses vizinhos da SÃria, se recusa a cooperar com as autoridades sÃrias na documentação e devolução dos artefatos.
"O governo turco se recusa a registrar (os objetos apreendidos). Não há informações, não há imagens. Não é transparente", declarou Abdulkarim à Reuters, em uma entrevista em Viena. "Eles precisam mudar sua abordagem. Eles nos disseram que não podem (fazer isso) porque a lei os proÃbe de declarar o que têm", afirmou.
Um porta-voz do Ministério da Cultura da Turquia afirmou que as alegações de Abdulkarim são "infundadas".
"Algumas antiguidades sÃrias podem ter sido contrabandeadas para a Turquia... Estamos fazendo o nosso melhor para evitar tal contrabando", disse. "Quando apreendemos essas antiguidades nós as devolvemos à s instituições do paÃs relacionado. Recentemente nós treinamos nossa polÃcia de fronteira sobre a questão. Acho que essas acusações têm motivação polÃtica", disse o funcionário.
(Reportagem adicional de Ercan Gurses, em Ancara)