Concurso de beleza de sobreviventes do Holocausto é marcado por sorrisos e espírito de resistência
Por Amir Cohen
HAIFA, Israel (Reuters) - Ao som da canção "Vogue", de Madonna, as 13 mulheres cuja idade somada se aproxima dos 1.500 anos percorreram a passarela cautelosamente, tendo como único obstáculo as bengalas e um ou outro quadril mais frágil.
O terceiro concurso anual de beleza de sobreviventes do Holocausto, que homenageia mulheres que resistiram aos campos de concentração e às marchas da morte da Alemanha nazista, foi realizado na cidade de Haifa nesta semana com a presença de centenas de parentes.
O batom foi aplicado com cuidado, os vestidos eram elegantes e as joias faiscavam, mas o foco era dar às mulheres que suportaram verdadeiros horrores em sua juventude uma chance de desfrutar de um pouco de glamour e atenção agora que estão na casa dos 80 anos.
"Muitas delas eram crianças, adolescentes ou jovens adultas durante o Holocausto", contou Jurgen Buhler, o diretor alemão da Embaixada Cristã Internacional de Jerusalém e um dos patrocinadores do evento.
"Elas estavam ou em guetos ou em campos de concentração. Por isso, esta noite está lhes dando algo em troca que elas jamais poderiam ter experimentado quando eram jovens".
Em vez de se intimidarem com as luzes fortes e a música alta (no caso "Pretty Woman", de Roy Orbison), as concorrentes estavam ansiosas para entrar em cena, indo e voltando pela passarela com sorrisos radiantes e uma mãozinha ocasional de um familiar.
Suas idades variavam dos 74 anos de Rivka Stenger, que nasceu na Romênia e foi para Israel em 1948, aos 86 anos de Rebecca Kushner, que fugiu da Polônia depois que a família de sua mãe foi morta em câmaras de gás e chegou à Palestina em 1942.
A vencedora foi a romena Rita Berkowitz, de 83 anos, que desde que migrou para o Estado judeu em 1951 viu três gerações crescerem e hoje tem seis netos e cinco bisnetos.
Seis milhões de judeus foram mortos pelos nazistas antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 200 mil sobreviventes do Holocausto vivem atualmente em Israel, muitos deles sob os cuidados de organizações como a Helping Hand, outra patrocinadora.
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