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Papa ainda enfrenta dura resistência à reforma do Vaticano, dizem novos livros

Por Philip Pullella
Imagem: Por Philip Pullella

04/11/2015 11h00

Por Philip Pullella

CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Dois novos livros de jornalistas italianos mostram um Vaticano assolado pela má gestão, a ganância, o nepotismo e a corrupção, e onde o papa Francisco ainda enfrenta forte resistência da velha guarda à sua agenda de reformas.

Os livros, "Mercadores no Templo”, de Gianluigi Nuzzi, e "Avareza", de Emiliano Fittipaldi, estão sendo lançados na Itália nesta quarta-feira e já foram condenados pelo Vaticano.

O Vaticano disse na segunda-feira que os livros "geram interpretações confusas, parciais e tendenciosas", em um comunicado em que anunciou a prisão de dois membros de uma comissão que o papa tinha criado para estudar reformas financeiras.

Os dois, incluindo um clérigo de alto escalão da Santa Sé, foram detidos por suspeita de vazamento de documentos confidenciais aos autores dos livros.

Um dos destaques do livro de Nuzzi, entregue para a Reuters antes da publicação, é a transcrição de uma gravação do papa em uma reunião em julho de 2013– quatro meses após sua eleição –, na qual ele reclama com altos oficiais do Vaticano sobre a falta de transparência nas finanças.

"Temos que esclarecer melhor as finanças da Santa Sé e torná-las mais transparentes", disse ele, segundo a transcrição da gravação citada no livro, que o autor diz ter sido feita secretamente por alguém na sala.

"Cla-re-za. Isso é o que é feito nas empresas mais humildes, e temos de fazer também", disse ele, acrescentando que "não é exagero dizer que a maioria de nossos custos estão fora de controle", segundo o livro.

Nuzzi chegou à fama em 2012 com o livro "Sua Santidade", escrito em grande parte com base em documentos vazados pelo mordomo do papa Bento XVI, Paolo Gabriele, que roubou o material da mesa do pontífice.

Esse escândalo, que levou à detenção e prisão do mordomo, ficou conhecido como "Vatileaks" e acredita-se que o alvoroço que causou tenha, em parte, motivado a decisão do papa Bento de renunciar no ano seguinte.