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Artista Ai Weiwei diz que China está em "ponto crítico"

Por Noah Barkin
Imagem: Por Noah Barkin

13/08/2015 15h03

Por Noah Barkin

BERLIM (Reuters) - Os abalos no mercado de ações e na moeda da China dão a entender que o país chegou a um “ponto crítico” no qual a ausência de liberdades democráticas é uma ameaça crescente à estabilidade econômica, disse Ai Weiwei, artista chinês e defensor da liberdade de expressão.

Falando à Reuters em seu ateliê no porão de uma antiga fábrica de cerveja no bairro de Prenzlauer Berg, em Berlim, Ai foi mais explícito nos comentários sobre o sistema de partido único da China do que na série de entrevistas que concedeu à mídia alemã nas últimas semanas.

No mês passado, as autoridades chinesas devolveram repentinamente o passaporte de Ai, que haviam confiscado quatro anos atrás depois de detê-lo secretamente por 81 dias. Ele chegou à Alemanha há 15 dias e se reuniu com seu filho e sua parceira, que já viviam em Berlim há quase um ano.

“Acho que isso reflete um tipo de ponto crítico”, opinou o artista de 57 anos a respeito da queda nas ações chinesas e na desvalorização do iuan.

Em sua primeira entrevista pública com um órgão de mídia internacional desde que deixou a China, Ai afirmou que as taxas de crescimento aceleradas dos anos recentes foram às custas da mão de obra barata e da imensidão do mercado chinês, mas que estas vantagens estão diminuindo e que os líderes do Partido Comunista não sabem como reagir.

A única maneira de manter o ímpeto econômico é estabelecer os fundamentos para criatividade e competição maiores abrindo a sociedade chinesa, uma direção na qual Ai disse que o governo está “se recusando abertamente a seguir”.

“Na China de hoje, eles (têm usado) o poder estatal para tentar distribuir as cartas. Mas não têm cartas suficientes. O fim do jogo está chegando”, declarou Ai, tirando fotos com seu aparelho portátil durante a conversa para sua conta no Instagram, que tem muitos seguidores.

“Se você contar as cartas, estão faltando algumas a eles. Eles sabem disso, então não importa como fingem. Não vai sair de um jeito que os satisfaça”.