Topo

Istambul exibe "Mulheres, Pássaros, Estrelas" de Miró

02/03/2015 13h53

Por Ayla Jean Yackley

ISTAMBUL (Reuters) - Nem todo artista poderia ver um chapéu feminino na torneira vermelha de uma fazenda, mas as obras em exposição em uma mostra de Istambul trazem o pintor e escultor catalão Joan Miró em um espírito brincalhão no final de sua vida no século passado.

Em cartaz no Museu Sakip Sabanci, “Mulheres, Pássaros, Estrelas” exibe 125 pinturas, esculturas, tapeçarias e cerâmicas, incluindo peças emprestadas da coleção particular da família de Miró.

Muitas foram criadas na ilha de Maiorca, para onde Miró se mudou em 1956, aos 63 anos de idade.

Inspirado pela paisagem e o clima do Mediterrâneo, ele reduziu sua palheta às cores básicas, e suas pinturas efusivas e espontâneas evocam um mundo fantástico de criaturas estranhas, expressadas sobretudo em amarelo, vermelho, azul e preto.

“A exibição se concentra no período tardio de sua carreira, que podemos definir com uma palavra: liberdade”, disse Rosa Maria Mallet, especialista em Miró e diretora da Fundação Joan Miró de Barcelona.

“Ele tem liberdade com a linguagem, o material, com técnicas diferentes, e é mestre em todas elas... a parte mais interessante da obra de Miró provavelmente é que ela abre caminho para outros artistas.”

A influência de Miró em artistas que vão de Alexander Calder a Jackson Pollock foi profunda. Mais de 30 anos após sua morte, a procura por seus trabalhos não diminuiu. No mês passado, a tela “L'Oiseau au plumage deployé vole vers l'arbre argente” foi arrematado por supostos 13,9 milhões de dólares na casa de leilões Christie's.

Pinturas a óleo de uma lua azul que Miró deu ao neto, Joan Punyet Miró, em 1978, quando ele tinha 10 anos, e um sol vermelho incendiário, um presente para o irmão de Punyet, estão expostos no Sabanci.

“Nós os emprestamos por eles terem tanto significado para nós”, declarou Punyet, historiador da arte que administra o espólio do avô, à Reuters. “Não posso manter seu trabalho em uma jaula. Ele pertence ao povo, e tenho a obrigação de libertá-lo”.

A mostra tem uma réplica do estúdio de Miró, que Punyet visitou quando menino. “Quando ia vê-lo no estúdio, ele falava sobre o processo criativo. Era um lugar encantado”.

Cerca de 150 mil pessoas já viram a exposição, que caminha para sua última semana.