Museu em Houston destaca Gandhi e história da não-violência
Uma arma esvaziada se torna um estojo de primeiros-socorros para vítimas de tiros. Fragmentos dos pés de estátuas de Buda se avizinham a uma pintura de dançarinos fantasmagóricos intitulada "Hiroshima". Fotos do líder independentista indiano Mahatma Gandhi pendem ao lado de imagens de vencedores do Prêmio Nobel da Paz que ele inspirou.
A Coleção Menil, um museu de arte da cidade norte-americana de Houston, montou uma exibição digna de reflexão inspirada em Gandhi e na história da resistência não-violenta, confrontando imagens pacíficas com trabalhos de arte que exibem manifestações de violência.
A mostra "Experiments with Truth: Gandhi and Images of Nonviolence" (em tradução livre, Experimentos com a Verdade: Gandhi e Imagens de Não-violência), inaugurada nesta quinta-feira, consiste em 130 fotos, trabalhos artísticos, artefatos e documentos que cobrem mais de 1.600 anos.
"No nosso mundo, a violência está presente de forma poderosa na cultura popular, é só olhar para o que as crianças veem nos video-games", disse o diretor do museu e curador da exibição, Josef Helfenstein. "Quero mostrar que existe outra tradição na arte destacando tolerância, compaixão e diálogo", acrescentou. A mostra vai até 1º de fevereiro e reabre em abril no Museu Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, em Genebra, na Suíça.
Helfenstein selecionou os itens de maneira que se harmonizassem com o princípio da satyagraha, ou "força da verdade", de Gandhi —forjar força e coragem para combater a agressão através da desobediência civil e da resistência e do protesto pacíficos.
Livre associação
Em uma galeria, a pintura "Hiroshima" do artista francês Yves Klein está diante de uma escultura do artista chinês Ai Weiwei com dez pares de pés tirados de fragmentos de estátuas de Buda esculpidos provavelmente no século 6.
Fixados em plintos, ou bases de colunas, os pés ficam próximos da famosa foto de um homem parado diante de um tanque na Praça da Paz Celestial, na China, feita em 1989. "A ideia é deixar os espectadores livres para fazer associações entre os trabalhos de arte, captar os diálogos ocultos, gerar percepções e desenvolver suas próprias verdades internas", afirmou Helfenstein.
Nas proximidades está uma pistola Glock de calibre 9mm remontada como se fosse um kit de emergência para traumas de tiros do artista conceitual Mel Chin. As entranhas da arma contêm suprimentos médicos para tratar pacientes feridos. "Quando a violência é escancarada, às vezes a ajuda tem que ser disfarçada", disse Chin, observando como as letras de canções de rap muitas vezes mencionam a Glock em tom elogioso.
Várias fotos do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, algumas supostamente exibidas pela primeira vez, mostram os últimos dias de Gandhi e a reação de choque ao seu assassinato em 1948. "A Índia costuma ser um lugar barulhento, mas o que você vê é um momento de silêncio", declarou Helfenstein sobre as pessoas enlutadas nas imagens.
Fotos de líderes de direitos civis dos Estados Unidos relembram o interesse duradouro de Gandhi pelo movimento. Também há desenhos e fotografias de líderes antiapartheid, como o sul-africano Nelson Mandela, que chamava Gandhi de "guerreiro sagrado".
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