Artista chinês dissidente Ai Weiwei leva exposição à ex-prisão de Alcatraz
Um dos dissidentes mais famosos da China se apropriou da mais famosa ex-prisão dos Estados Unidos como uma maneira de destacar o sofrimento dos ativistas aprisionados.
A partir do dia 27 de setembro, Alcatraz, a ex-penitenciária ilhada transformada em parque nacional na baía de São Francisco, irá oferecer aos visitantes a oportunidade de ver sete instalações especialmente concebidas pelo artista e ativista Ai Weiwei.
Weiwei, que há décadas critica a política governamental chinesa relativa à liberdade de expressão e aos direitos humanos, criou as peças sem nunca ter visitado Alcatraz. Ele foi proibido de sair da China desde sua detenção de 81 dias em 2011.
A exibição, chamada de "@Large" (solto), reflete a dor e o isolamento da detenção em trabalhos como o enorme "Trace" (Vestígio), que mostra retratos de 176 ativistas e presos políticos, construído inteiramente com 1,2 milhão de tijolos Lego.
"Quando as pessoas são detidas por suas crenças, você tem uma sensação de isolamento, de que está sendo esquecido pelo mundo", disse Cheryl Haines, diretora-executiva fundadora da Fundação FOR-SITE, organizadora da exibição. "É a maneira eloquente que Ai usa para dizer: 'Não nos esquecemos de vocês'", afirmou Haines sobre "Trace".
Outro trabalho, "Stay Tuned" (Fique Ligado), estende-se por 12 celas, cada uma ornada com uma banqueta e alto-falantes que tocam gravações diferentes de artistas aprisionados, inclusive da banda punk feminista russa Pussy Riot.
Depois que Haines abordou Ai sobre a montagem de uma exibição em Alcatraz, o projeto inteiro foi feito em cerca de 9 meses, muito mais rápido que o prazo típico de dois a três anos.
Weiwei está sujeito a restrições de viagem e não está claro quando elas serão revogadas. Quando indagada da razão de Weiwei não ter permissão de comparecer ao evento em São Francisco, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse não entender "a pertinência da situação".
"A China é um país governado pela lei", afirmou Hua. "Os departamentos pertinentes, de acordo com as leis e os regulamentos chineses a respeito da entrada e saída do país, lidam com a entrada e saída de cidadãos chineses".
A exibição de Alcatraz amplia temas que Ai, de 57 anos, vem explorando ao longo da carreira, assim como em uma mostra no início deste ano em Berlim, que exibiu uma reprodução da cela branca onde ele ficou detido pelas autoridades chinesas. No trabalho mais recente, o foco está mais nas experiências de outros prisioneiros.
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