Google perde ação para manter vídeo anti-islâmico on-line
Por Dan Levine
SAN FRANCISCO, 1 Mar (Reuters) - O Google perdeu na sexta-feira uma ação para manter um vídeo anti-islâmico no seu site de compartilhamento de vídeos YouTube, em um processo de apelação à decisão de uma corte federal que, segundo a empresa, teria "efeitos devastadores" caso fosse mantida.
No início desta semana, um painel do 9º Circuito do Tribunal de Apelações dos Estados Unidos votou por 2x1 para rejeitar a afirmação do Google de que a remoção do filme "Inocência dos Muçulmanos", que provocou protestos em todo o mundo islâmico, equivaleria a uma restrição antecipada da liberdade de expressão que violava a Constituição norte-americana.
Em uma ação apresentada na quinta-feira, o Google argumentou que o vídeo deveria permanecer acessível ao público, enquanto pede que um painel maior, de 11 juízes do 9º Circuito, revise a questão. O Google considerou a decisão desta semana de "sem precedentes" e "abrangente".
Entretanto, o 9º Circuito rejeitou na sexta-feira o pedido do Google em uma decisão breve. Representantes do Google não foram encontrados imediatamente para comentários.
A reclamante, Cindy Lee Garcia, tinha sido contrária ao filme depois de saber que ele continha um clipe que ela fez para um filme diferente, que tinha sido parcialmente dublado e no qual parecia estar perguntando: "O seu Maomé é um molestador de crianças?"
O advogado de Cindy, Cris Armenta, se opôs ao pedido do Google de postar novamente o vídeo, enquanto o recurso estava em andamento. A atriz recebeu ameaças de morte como resultado da sua participação no filme.
A controversa montagem retrata o profeta Maomé como um tolo e pervertido sexual. Ele gerou uma torrente de agitação antiamericana entre muçulmanos no Egito, Líbia e em outros países em 2012.
A revolta coincidiu com um ataque às instalações diplomáticas norte-americanas em Benghazi, que matou quatro pessoas, inclusive o embaixador norte-americano da Líbia. Representações diplomáticas dos EUA e de outros países também foram atacadas no Oriente Médio, na Ásia e na África.
Para muitos muçulmanos, qualquer representação do profeta é considerada blasfêmia.
O Google se recusou a retirar o filme do YouTube, apesar da pressão da Casa Branca e de outras partes, embora tenha bloqueado o trailer no Egito, na Líbia e alguns outros países.