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Ex-bailarino do Bolshoi depõe e critica diretor que sofreu ataque com ácido

O ex-bailarino do balé Bolshoi Nikolai Tsiskaridze - AP Photo/Alexander Zemlianichenko
O ex-bailarino do balé Bolshoi Nikolai Tsiskaridze Imagem: AP Photo/Alexander Zemlianichenko

Thomas Grove

De Moscou (Rússia)

25/11/2013 19h39Atualizada em 25/11/2013 20h44

Um proeminente ex-bailarino do balé Bolshoi disse nesta segunda-feira (25) a um tribunal russo que o diretor artístico Sergei Filin, vítima de um ataque com ácido, havia negado papéis ao principal suspeito do crime, um jovem dançarino que, segundo esse ex-dançarino, poderia ter uma "carreira brilhante" na célebre companhia.

Nikolai Tsiskaridze, que perdeu seu emprego no Bolshoi após o ataque a Filin, depôs no julgamento do bailarino Pavel Dmitrichenko, que pode ser condenado a até 12 anos de prisão.

O ataque, feito por um mascarado que atirou uma substância corrosiva no rosto de Filin, deixando-o se contorcendo na neve, revelou rivalidades por causa de poder, dinheiro e papéis num dos principais símbolos culturais da Rússia.

Tsiskaridze, que havia se desentendido com Filin, disse ao tribunal que em mais de uma ocasião Filin manobrou para retirar Dmitrichenko de papéis que a companhia já havia anunciado que ele receberia.

"Pavel foi retirado de papéis em várias vezes sob a autoridade de Sergei Yuriyevich (Filin), e para o Teatro Bolshoi essa é uma ocorrência extraordinária", disse o dançarino de 39 anos ao tribunal.

Ele contou o que disse ter sido "uma cena feia num corredor" do teatro moscovita, depois de Filin ter preterido Dmitrichenko em um papel para o qual havia sido escolhido pela direção geral do Bolshoi.

"Dmitrichenko foi chamado até Filin e ... fugiu de lá seguido por uma saraivada de impropérios. Sergei Yuriyevich (Filin) falou palavras horríveis", disse o depoente.

Tsiskaridze, que passou 20 anos como bailarino principal e professor do Bolshoi, disse que via Dmitrichenko como uma grande promessa. "Eu sempre disse a Pasha que uma carreira brilhante o aguardava se ele trabalhasse mais", afirmou.