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Em apoio a colega, integrante da Pussy Riot desiste de pedir liberdade

18/10/2013 09h57

Por Anastasia Gorelova

NIZHNY NOVGOROD, Rússia, 18 Out (Reuters) - Maria Alyokyhina, integrante da banda punk russa Pussy Riot, retirou nesta sexta-feira um pedido de liberdade antecipada, a fim de demonstrar apoio a uma colega que está em greve de fome contra as condições carcerárias.

Alyokhina, de 25 anos, e Nadezhda Tolokonnikova estão cumprindo pena de dois anos de prisão por terem feito um protesto contra o presidente Vladimir Putin na principal catedral de Moscou.

"Não tenho direito moral de participar desta audiência judicial no momento em que minha amiga e colega de condenação Nadezhda Tolokonnikova não tem tal oportunidade", disse Alyokhina no tribunal de Nizhny Novgorod, às margens do rio Volga.

Tolokonnikova, de 24 anos, foi hospitalizada no mês passado, no nono dia de uma greve de fome contra o que descreveu como "trabalho escravo" na Colônia Corretiva Nº 14, a sudoeste de Moscou, onde cumpria pena.

Ela retomou a greve de fome na sexta-feira, após ser levada de volta à prisão, segundo nota divulgada por seu marido, Pyotr Verzilov.

Em carta escrita no mês passado, Tolokonnikova dizia ter recebido ameaças de morte de diretores da prisão, e que as detentas precisam trabalhar 17 horas por dia, num sistema de punição coletiva que lembra os campos de trabalhos forçados da era soviética.

As autoridades prisionais negam que haja violações da lei russa ou dos direitos humanos na colônia penal. Investigadores dizem estar analisando as acusações.

"É extremamente estranho e repulsivo para mim que uma condenada na Rússia não seja mais do que uma propriedade geradora de lucros para as autoridades", disse Alyokhina ao tribunal na sexta-feira.

"Declaro novamente meu protesto contra isso, e declaro esse protesto aqui de dentro, desta fossa em que eles estão jogando todas nós", disse ela na cela instalada no tribunal.

A corte aceitou a retirada do recurso dela.

Três integrantes da banda punk feminina Pussy Riot foram condenadas depois do protesto de fevereiro de 2012 na Catedral de Cristo Salvador. Críticos dizem que o processo contra elas é parte de uma perseguição mais ampla do governo de Putin contra dissidentes.