Cientistas criam fígado humano a partir de células-tronco
Por Kate Kelland
LONDRES, 3 Jul (Reuters) - Cientistas criaram pela primeira vez um fígado humano funcional a partir de células-tronco obtidas da pele e do sangue, e dizem que esse sucesso aponta para um futuro em que órgãos poderão ser criados em laboratório em vez de serem transplantados de doadores.
O uso desses fígados provavelmente ainda levará cerca de dez anos, mas cientistas japoneses dizem ter agora uma importante prova de conceito, que abre caminho para outras experiências mais ambiciosas com o cultivo de órgãos.
"A promessa de um fígado de prateleira parece muito mais próxima do que se poderia esperar mesmo um ano atrás", disse Dusko Illic, especialista em células-tronco no King's College, em Londres, que não se envolveu diretamente no trabalho.
Ele disse que, embora a técnica pareça ser "muito promissora" e represente um enorme passo à frente, "há muita coisa que não se sabe, e levará anos até que ela possa ser aplicada à medicina regenerativa".
As células-tronco são uma espécie de "manual de instrução" do organismo, capaz de dar origem a praticamente qualquer órgão ou tecido. Há mais de uma década os cientistas estudam células-tronco de várias origens, na esperança de desenvolver tratamentos inovadores.
Há dois tipos principais de células-tronco: as embrionárias (recolhidas de embriões) e as "pluripotente induzidas" (iPS, na sigla em inglês), que são reprogramadas a partir de células retiradas geralmente do sangue ou da pele.
A equipe baseada na filial japonesa da Escola de Pós-Graduação em Medicina da Universidade de Oklahoma City, usou células iPS para produzir três diferentes tipos de células que normalmente se combinariam na formação natural de um fígado humano embrionário - as células endodérmicas hepáticas, as células-tronco mesenquimais e as células endoteliais - e as misturaram.
As células cresceram e começaram a formar estruturas tridimensionais chamadas "brotos de fígado" - uma coleção de células hepáticas com potencial para se desenvolverem até um órgão completo.
Ao transplantar essas células para ratos, os pesquisadores concluíram que os "brotos" amadureciam, que os vasos sanguíneos humanos se conectavam ao sistema circulatório do rato, e que os fígados começavam a realizar muitas das funções de células hepáticas humanas maduras.
O trabalho foi descrito na revista Nature.
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