Vaticano pode limitar visitas à Capela Sistina
Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO, 31 Out (Reuters) - Os afrescos de Michelangelo no teto da Capela Sistina completaram 500 anos nesta quarta-feira e o Vaticano alertou que pode eventualmente limitar o número de visitantes ao local para proteger uma das maravilhas da civilização ocidental.
Em 31 de outubro de 1512, apenas 20 anos após a descoberta da América, o Papa Júlio 2o fez uma missa para inaugurar o espaço onde Michelangelo trabalhou por quatro anos para terminar os afrescos no teto.
Os afrescos imediatamente se tornaram o assunto da cidade e, desde então, do mundo. A Capela Sistina é possivelmente o local fechado mais visitado no globo.
Com o turismo em massa crescente, a cada ano cerca de cinco milhões de pessoas, em torno de 20.000 por dia no verão, entram na capela e torcem o pescoço para cima, ficando boquiabertas.
O teto da capela, onde os cardeais se reúnem em conclaves secretos para eleger o novo papa, inclui uma das cenas mais famosas da história da arte -- o braço de Deus estendendo-se para dar vida a Adão no painel de criação.
No início deste mês, o crítico literário italiano Pietro Citati escreveu uma carta aberta em um grande jornal italiano denunciando o comportamento das multidões que visitam o que tecnicamente é um lugar sagrado.
Os turistas, disse ele, "assemelham-se a hordas de bêbados", que involuntariamente arriscam danificar os afrescos com sua respiração, suor, poeira em seus sapatos e calor do corpo. Ele acrescentou que os turistas ignoravam os pedidos do Vaticano por silêncio, compostura e a proibição de fotografar.
SUOR, POEIRA E DIÓXIDO DE CARBONO
Citati tornou-se o mais recente crítico a exigir que o Vaticano limite severamente o número de visitantes à Sistina, um local imperdível para os turistas da cidade eterna.
Antonio Paolucci, diretor dos Museus do Vaticano, disse que não previa limitar o número de visitantes "no curto e médio prazo", mas afirmou que os museus podem não ter outra escolha depois.
"A pressão causada por humanos, tais como a poeira trazida, a umidade dos corpos, o dióxido de carbono produzido pela transpiração, pode causar desconforto para os visitantes, e, em longo prazo, possíveis danos às pinturas", disse Paolucci em um artigo no jornal do Vaticano para marcar o 500º aniversário dos afrescos do teto.
"Podemos limitar o acesso, estabelecendo um máximo para o número (de visitantes). Vamos fazer isso se o turismo crescer além dos limites de tolerância razoável e se não formos capazes de responder de forma adequada ao problema", afirmou ele.
Sob o sistema atual, os visitantes dos museus do Vaticano podem reservar hora para entrar ou esperar em longas filas do lado de fora, mas não há limite para o número total diário.
Em 1994, no final de um projeto de restauração de 14 anos, os técnicos instalaram um elaborado sistema de desumidificadores, ar condicionado, filtros e controles micro-climáticos na capela.
Paolucci disse que a empresa de ar condicionados Carrier estava estudando um projeto "novo, de alta tecnologia e radicalmente inovador" para proteger os afrescos dos danos atmosféricos. O novo equipamento deve ficar pronto em um ano, segundo ele.
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