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Fotógrafos competem pela foto mais rápida na Olimpíada

07/08/2012 19h14

Por Belinda Goldsmith

LONDRES, 7 Ago (Reuters) - Quando o canadense Ben Johnson correu os 100 metros rasos em 9s79, na Olimpíada de Seul-88, a imagem levou uns 90 minutos para chegar às redações dos jornais.

No domingo passado, quando Usain Bolt concluiu a mesma prova em 9s63, as agências de notícias precisaram de menos de três minutos para publicar as primeiras imagens desse feito.

A tecnologia revolucionou a velocidade, qualidade e quantidade de fotos das Olimpíadas, e a passagem para a foto digital desencadeou uma corrida entre os veículos de comunicação para serem os primeiros a colocar as fotos em sites e iPads, conquistando assim mais leitores e anunciantes.

Com a evolução das câmeras a cada Olimpíada, mais imagens podem ser tomadas por segundo, e câmeras subaquáticas capturam todos os ângulos nas piscinas.

Em Londres, a oferta fotográfica ficou ainda maior graças às câmeras operadas por controle remoto no teto das principais instalações, e ao uso de equipamentos que combinam muitas imagens de alta definição, permitindo a visão detalhada da plateia.

As cenas marcantes já deixadas pelos Jogos de Londres incluem flagrantes subaquáticos de Michael Phelps dando suas braçadas, o abraço do príncipe William na sua esposa, Kate, no meio da plateia do ciclismo, e as imagens artísticas da Lua cheia subindo em meio aos anéis olímpicos da Tower Bridge.

Elas se juntam a outros ícones olímpicos, como os punhos erguidos dos atletas negros John Carlos e Tommie Smith no México-68, as sete medalhas de ouro no peito do nadador Mark Spitz em Munique-72, e o ex-boxeador Muhammad Ali acendendo a pira olímpica em Atlanta-96.

Tão importante quanto o conteúdo, porém, é a agilidade. "O desafio para os fotógrafos atualmente é não só conseguir uma ótima posição, um ótimo acesso e uma ótima foto, mas colocar suas imagens numa plataforma digital assim que possível", disse Steve Fine, diretor de fotografia da Sports Illustrated.

"Estamos derrotando a televisão no seu próprio jogo em termos de notícia e rapidez. É como se os atletas, a mídia e os torcedores estivessem no seu próprio reality show de TV (...). As fotos mostram não só os esportes, mas as lágrimas, os aplausos, toda a cena."

REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

Fotógrafos experientes na cobertura de Olimpíadas dizem que sua profissão mudou radicalmente desde Sydney-2000, quando a tecnologia digital substituiu o filme e acabou com o uso de portadores que levavam correndo os rolos de filme até os laboratórios de revelação.

Agora, os fotógrafos retiram os cartões de memória das suas câmeras, os instalam nos seus laptops e enviam as imagens para os editores em questão de segundos. Além disso, há as câmeras robóticas, captando imagens automaticamente no teto dos ginásios. A Sports Illustrated teve, por exemplo, 10 mil fotos do ciclismo para escolher. Duas foram publicadas.

O fotógrafo Andy Hooper, do jornal britânico Daily Mail, quatro Olimpíadas no currículo, disse que esse evento é “a maratona do fotógrafo de esportes", pois é preciso se deslocar constantemente, comendo entre uma prova e outra e suportando dores nas costas. "São duas semanas duras, e é preciso não parar."