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Ai Weiwei pode ser processado por bigamia e pornografia

O artista e dissidente chinês Ai Weiwei em sua residência em Pequim (20/06/12) - Mark Ralston/AFP
O artista e dissidente chinês Ai Weiwei em sua residência em Pequim (20/06/12) Imagem: Mark Ralston/AFP

Sui-Lee Wee

21/06/2012 15h38

A polícia chinesa informou o artista e dissidente Ai Weiwei nesta quinta-feira (21) que ele está proibido de viajar, porque precisará responder por acusações de bigamia e pornografia.

A ameaça surge logo depois da suspensão das restrições relacionadas à sua liberdade condicional, num processo relativo a supostos crimes econômicos.

Nesta quinta, Ai pôde sair de casa pela primeira vez sem informar seu destino à polícia, mas no mesmo dia as autoridades lhe informaram que ele era "suspeito de outros crimes", como pornografia, bigamia e negociação ilegal de divisas, segundo relato do próprio artista à Reuters.

"Se recuperar metade da minha liberdade significa que eu sou livre, então sou uma pessoa livre", disse ele. "Mas estão restringindo minha capacidade de viajar, e continuam tentando fabricar acusações."

Ai é o mais proeminente crítico do governo chinês, e os novos cerceamentos devem causar indignação entre seus apoiadores e na comunidade internacional.

A polícia de Pequim não se manifestou sobre o assunto.

Segundo o artista, a acusação de pornografia decorre de uma foto de 2010 em que ele e quatro mulheres aparecem nus num estúdio. A polícia disse a ele que a foto foi vista mais de mil vezes na internet, e que na prática isso significa que ele está difundido conteúdo pornográfico.

Ai disse que as quatro mulheres postaram a foto na internet "como piada". "Nunca nos tocamos. Não é nada. Ninguém vai dizer que é pornografia", disse ele.

Ai, que é casado, também nega a acusação de bigamia. Ele mantém ostensivamente uma namorada, com quem tem um filho de três anos.