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Tela do cubano Wifredo Lam é arrematada por US$ 4,56 milhões em Nova York

Tela "Ídolo (Oyá/Divinité de l"Air et de la Mort)", de Wifredo Lam - Reuters
Tela "Ídolo (Oyá/Divinité de l'Air et de la Mort)", de Wifredo Lam Imagem: Reuters

Walker Simon

24/05/2012 09h17

Uma tela do surrealista cubano Wifredo Lam dedicada a um orixá feminino obteve o maior valor no mais lucrativo leilão noturno de arte latino-americana já realizado pela Sotheby's, na quarta-feira.

"Ídolo (Oyá/Divinité de l'Air et de la Mort)", de 1944, foi arrematada por 4,56 milhões de dólares por um colecionador sul-americano. O valor é mais do que o dobro do recorde anterior do artista, morto em 1982.

"Estamos deslumbrados com o novo preço recorde obtido para Wifredo Lam, que foi um dos nove novos recordes para artistas batidos durante o leilão noturno de quarta-feira", disse Axel Stein, chefe do departamento de arte latino-americana da Sotheby's.

Lam fundiu o surrealismo com a "santería" (versão cubana do candomblé, baseada nas divindades iorubás). Nessa tela, pelo menos seis orixás podem ser distinguidos em meio às figuras meio humanas, meio animais, segundo Stein. A orixá Oyá, que batiza a obra, também é conhecida no Brasil como Iansã.

Filho de pai chinês e mãe negra, Lam teve uma avó mãe-de-santo, mas o artista só começou a explorar a religião em sua obra depois de visitar o Haiti e Cuba na companhia do surrealista francês André Breton, em 1940.

No total, o leilão da Sotheby's arrecadou 21,8 milhões. Houve forte demanda pela arte venezuelana, com recordes para três dos seus artistas do século 20: Jesús Rafael Soto, Armando Reverón e Gertrudis Goldschmidt (Gego).

Mas a Sotheby's não conseguiu vender a principal obra do leilão, "Niña en Azul y Blanco" (1939), do mexicano Diego Rivera.