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Morre escritor mexicano Carlos Fuentes aos 83 anos

O escritor mexicano Carlos Fuentes em Cartagena de Índias, no norte da Colômbia (28/03/2007) -  Tomas Bravo / Reuters
O escritor mexicano Carlos Fuentes em Cartagena de Índias, no norte da Colômbia (28/03/2007) Imagem: Tomas Bravo / Reuters

Anahi Rama e Liz Diaz

Cidade do México

15/05/2012 16h18

CIDADE DO MÉXICO, 15 Mai (Reuters) - O escritor mexicano Carlos Fuentes, um dos autores mais prolíficos da literatura latino-americana e forte crítico da política de seu país, morreu nesta terça-feira aos 83 anos em um hospital na Cidade do México, no momento em que levava uma vida ativa e escrevia um novo livro.

Fuentes, autor de romances como "A Região Mais Transparente", "A Morte de Artemio Cruz" e "Gringo Velho", morreu um dia depois de ter sido premiado com o título de doutor "Honoris causa" pela Universidade das Ilhas Baleares pela qualidade e extensão de sua obra.

O gastroenterologista Arturo Ballesteros disse à mídia que o escritor sofreu uma hemorragia devido a uma úlcera. Fuentes havia sido internado nesta madrugada. Mais cedo, a imprensa havia relacionado sua morte a problemas cardíacos.

Apesar de sua idade, sua morte causou surpresa no México uma vez que o escritor se mantinha ativo, viajando, dando entrevistas, participando de eventos e escrevendo, e não havia divulgado nada sobre problemas de saúde.

Fuentes, um forte crítico do Partido Revolucionário Institucional (PRI) que governou o México por 71 anos até 2000 e é favorito para voltar ao poder nas eleições de julho, recebeu o Prêmio Cervantes de literatura em 1987 e o Príncipe de Asturias em 1994, entre outros.

Uma onda de tristeza no mundo intelectual latino-americano, no governo mexicano e no âmbito político se manifestou sobretudo por meio da rede social Twitter.

O escritor peruano Mario Vargas Llosa reconheceu o seu legado literário e falou da amizade que os uniu por décadas.

"Fomos amigos todo esse tempo sem que nada, nunca, empobrecesse essa amizade. Deixa uma obra enorme que é um testemunho eloquente de todos os grandes problemas políticos e realidades culturais de nosso tempo", escreveu a filha de Vargas Llosa em sua conta no Twitter, em nome de seu pai.

Escritores como a mexicana Elena Poniatowska, da mesma geração que Fuentes e quem acaba de cumprir 80 anos, assim como o presidente mexicano, Felipe Calderón, também manifestaram pesar pela morte do autor de "A Cadeira de Áquila".

"Lamento profundamente o falecimento de nosso querido e admirado Carlos Fuentes, escritor e mexicano universal", disse o mandatário.

Em algumas de suas últimas entrevistas, Fuentes disse que acabava de terminar seu último livro, "Federico en su Balcón", onde o filósofo alemão Federico Nietzsche aparecia ressuscitado em sua varanda em uma madrugada e começava uma conversa com o escritor.

Na entrevista, o autor disse que estava começando a escrever "El Baile del Centenario", um romance histórico que relata desde a celebração do primeiro centenário da independência do México e os 10 anos seguintes, em meio à revolução.

Fuentes, que vivia parte do ano em Londres e que foi embaixador do México na França na década de 1970, chegou a criticar duramente os candidatos presidenciais às eleições de julho por não terem a capacidade suficiente para lidar com os graves problemas do país.

"Me parecem candidatos medíocres, ou pouco interessantes... não estão nos oferecendo nenhuma novidade, nos dão retórica", disse ele no início de maio em Buenos Aires, na Argentina.

(Reportagem adicional de Lizbeth Díaz, na Cidade do México; e de Patricia Vélez, em Lima)