Ameaça leva escritor Salman Rushdie a cancelar participação em festival literário na Índia
O escritor Salman Rushdie desistiu de comparecer a um festival de literatura na Índia depois que autoridades o alertarem para o risco de se tornar um potencial alvo de assassinos no evento, o qual vem provocando ameaças de protestos por parte de grupos muçulmanos.
A oposição de alguns grupos muçulmanos indianos veio à tona neste mês, após Rushdie ter sido convidado para participar do maior festival de literatura da Ásia, em Jaipur, no Estado indiano do Rajastão. Líderes anciãos islâmicos pediram ao governo que impedisse o controverso autor, de 65 anos, de entrar no país.
"Eu fui informado por fontes da Inteligência em Maharashtra e no Rajastão que assassinos pagos pelo submundo de Mumbai (antiga Bombaim) poderiam estar a caminho de Jaipur para me eliminar", afirmou Rushdie, em comunicado lido pelo produtor do festival.
"Embora eu tenha minhas dúvidas a respeito da exatidão das informações da Inteligência, seria irresponsável da minha parte vir ao festival nestas circunstâncias."
O autor britânico-indiano, cujo romance "Versos Satânicos" de 1988 é banido na Índia, era esperado para falar no primeiro dia - de um total de cinco - do Festival de Literatura de Jaipur, mas os organizadores removeram o seu nome da programação na semana passada.
Rushdie participaria então via videoconferência, disse à Reuters o diretor do festival, William Dalrymple, nesta sexta-feira.
"Isto é o resultado de um trágico jogo de 'telefone sem fio'. A realidade dos escritos de Rushdie é completamente diferente do jeito que foi apresentada e caricaturada, afirmou Dalrymple aos repórteres.
O diretor do festival havia afirmado anteriormente que o convite a Rushdie ainda estava de pé após ele reagendar sua participação.
"Os muçulmanos de Jaipur estavam planejando um protesto contra Rushdie. Já que ele não está vindo, nós o cancelamos", disse à Reuters o membro do comitê Jaipur Jama Masjid, Abdul Haq Shamshi.
A publicação do livro "Versos Satânicos", há 20 anos, acendeu uma onda de protestos e ameaças de morte em todo o mundo, após o líder iraniano aiatolá Khomeini dizer que o modo como ele retratara o profeta Maomé no livro insultava o Islã.
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