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Mulher de artista chinês é interrogada como "suspeita de crime"

Artista chinês Ai Weiwei (ao centro) posa cercado por mulheres e é investigado por pornografia - AFP/Divulgação de Ai Weiwei
Artista chinês Ai Weiwei (ao centro) posa cercado por mulheres e é investigado por pornografia Imagem: AFP/Divulgação de Ai Weiwei

29/11/2011 13h10

PEQUIM (Reuters) - A mulher do artista dissidente chinês Ai Weiwei afirmou nesta terça-feira que a polícia a tratou como "suspeita de um crime" quando foi levada para três horas de interrogatório, em um sinal de que o governos está intensificando os esforços para intimidar Ai -- seu mais famoso crítico social.

Lu Qing, 4de 7 anos, foi a mais recente pessoa ligada a Ai a ser levada para interrogatório. Mas ela foi liberada logo depois e disse que os policiais não revelaram qual tipo de crime ela era suspeita de cometer.

Ai foi preso em local secreto por 81 dias no início deste ano e libertado no final de junho -- num caso que provocou protestos no exterior. Ai e seus partidários disseram que ele foi vítima da repressão do Partido Comunista contra a dissidência. Mas o governo o acusa de evasão fiscal, o que ele nega.

Lu disse que a polícia a interrogou sobre suas responsabilidades na Beijing Fake Cultural Development, empresa que está no centro do caso de evasão fiscal, que os críticos do governo afirmam ser uma vingança política contra Ai.

Lu é a representante registrada legalmente da empresa, e, portanto, poderia também ser alvo de acusações.

"Eu não esperava isso de jeito nenhum", disse Lu à Reuters. "Quatro pessoas da Polícia de Chaoyang, em Pequim, entraram sem pedir licença esta tarde e vieram com uma intimação que dizia que eu era suspeita de crime."

"(Depois) Perguntei-lhes: Que crime eu sou suspeita de cometer?", contou. "Eles disseram: 'Não podemos te dizer'."

A polícia disse a Lu que ela não poderia deixar Pequim "no curto prazo", mas se recusou a lhe dizer por quanto tempo. Lu afirmou que eles também lhe falaram que poderiam levá-la de volta a qualquer hora para interrogatório.

Lu disse que a polícia lhe perguntou sobre os programas executados pela Fake e informações pessoais tais como transações financeiras e contas bancárias, como uma em Nova York. Mas não mencionou o caso de evasão fiscal, acrescentou.

Ela havia sido interrogada pela última vez em abril, quando autoridades disseram que Ai estava sob investigação por "suspeita de crimes econômicos".

O artista foi detido sem acusações no início de abril e mantido principalmente em confinamento solitário até sua liberdade condicional no final de junho.

Mas Ai tem ignorado os esforços para silenciá-lo e, em vez disso, tornou-se uma referência para os dissidentes e ativistas da China, que estão sob pressão desde a repressão do governo no início deste ano que causou uma onda de detenções e prisões.

Ai pagou uma fiança de 8,45 milhões de iuanes (1,3 milhão de dólares) este mês, abrindo o caminho para o que ele teme seja a última chance de recurso no caso de evasão fiscal. O dinheiro foi levantado com contribuições de seus apoiadores.

Ai havia dito à Reuters em repetidas ocasiões que ele estava lutando contra a acusação fiscal porque sua mulher poderia enfrentar uma pena de prisão.

Cerca de duas semanas atrás, a polícia de Pequim questionou o cinegrafista de Ai, Zhao Zhao, por supostamente propagar pornografia online ao tirar fotografias de Ai e quatro mulheres, todos sem roupa. (por Sui-Lee Wee)