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JK Rowling diz em inquérito que se sentia refém da imprensa

A autora da saga que deu origem aos filmes, J.K.Rowling, chega para pré-estreia de "Harry Pottter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (7/7/2011) - Getty Images
A autora da saga que deu origem aos filmes, J.K.Rowling, chega para pré-estreia de "Harry Pottter e as Relíquias da Morte - Parte 2" (7/7/2011) Imagem: Getty Images

24/11/2011 18h33

Por Kate Holton e Michael Holden

LONDRES (Reuters) - A escritora JK Rowling, autora da série "Harry Potter", disse nesta quinta-feira no inquérito público sobre a imprensa britânica que teve de mudar de casa devido ao assédio dos tabloides, e se sentiu como refém em sua casa após dar à luz.

Em duas horas de depoimento, ela revelou que um jornalista enfiou um bilhete na mala escolar da sua filha, e que ela perseguiu um paparazzo por uma rua quando ele tentou tirar fotos dela com os filhos.

A escritora, sempre zelosa pela intimidade dos três filhos, disse que certos jornais podem ser "rancorosos" e buscar vingança contra quem se volta contra comportamento de seus profissionais.

"Isso não se aplica à imprensa inteira, mas a atitude parece ser profundamente arrogante, de indiferença, de quem não importa, você é famoso, você está pedindo isso", afirmou.

O chamado Inquérito Leveson, realizado na Alta Corte de Londres, foi solicitado pelo primeiro-ministro David Cameron depois da revelação, meses atrás, de que o extinto tabloide News of the World espionou as caixas postais telefônicas de milhares de pessoas.

Nesta semana, o inquérito colheu o depoimento de personalidades como o ator Hugh Grant e os familiares de vítimas de homicídios notórios, todos eles explicando como sofreram nas mãos dos jornalistas da imprensa popular britânica.

Inicialmente com aspecto nervoso, e falando baixo, Rowling revelou que dois anos após o lançamento dos primeiros livros da série "Harry Potter", em 1997, ela foi forçada a mudar de casa.

"Havia se tornado insustentável permanecer naquela casa", disse ela, lembrando como fotógrafos e jornalistas cercavam o imóvel. "Eu ficava como um animal exposto para que alguém viesse me achar."

Ela falou da sua fúria ao encontrar uma carta de um jornalista na mala da sua filha de 5 anos, e da sua indignação quando a diretora da escola de um dos seus filhos foi procurada por um repórter atrás de detalhes sobre o último livro da série.

Claramente o que mais a irritou foram as fotos dos filhos, particularmente uma em que sua filha mais velha aparece de maiô.

"Uma criança, não importa quem sejam seus pais, merece privacidade", disse Rowling, cujos sete volumes da série sobre o menino mago venderam mais de 400 milhões de exemplares no mundo, geraram uma franquia cinematográfica de enorme sucesso e fizeram com que ela fosse considerada a primeira escritora bilionária do mundo.