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Jackson era dependente de analgésico, diz perito em julgamento

27/10/2011 20h44

Por Alex Dobuzinskis

LOS ANGELES (Reuters) - Michael Jackson estava recebendo injeções grandes e regulares de um analgésico, além de tratamentos com Botox, nos meses antes de morrer, ouviu um tribunal de Los Angeles nesta quinta-feira.

Mas, no julgamento por homicídio involuntário do médico Conrad Murray em função da morte de Jackson em 2009 por overdose de medicamentos, o especialista em dependência química Robert Waldman não pôde afirmar inequivocamente se o cantor era ou não viciado no analgésico, em sua opinião.

Waldman depôs como testemunha especializada da defesa, perto do final dos argumentos desta. A alegação dos advogados de Murray de que o cantor de "Thriller" era viciado em vários medicamentos e que migrava de médico em médico para obter os remédios é uma parte fundamental da estratégia da defesa.

Murray já admitiu que dava a Jackson doses quase diárias do poderoso anestésico propofol, a título de sonífero, na mansão do cantor em Los Angeles, e médicos forenses constataram que essa foi a causa principal de sua morte em 25 de junho de 2009.

Mas os advogados de Murray argumentam que o médico não sabia que Jackson estava recebendo injeções do analgésico Demerol, que causa dependência química, de um dermatologista de Beverly Hills e que estas prejudicavam os esforços de Murray para fazê-lo dormir.

Waldman disse que os efeitos colaterais da abstinência de Demerol incluem ansiedade e insônia.

De acordo com documentos médicos apresentados nesta quinta-feira, Jackson recebeu 900 miligramas de Demerol ao longo de três dias em maio de 2009 do dermatologista Arnold Klein.

Os registros de Klein mostram também que ele deu a Jackson Botox e Restylane durante vários meses em 2009, para combater rugas e transpiração excessiva. Waldman descreveu as injeções de Demerol como sendo "doses grandes" que não seriam necessárias para injeções de tratamento dermatológico.

"Creio que há evidências de que Jackson era dependente de Demerol", disse Waldman, acrescentando que "possivelmente" o popstar fosse viciado no analgésico.

Mas, ao ser inquirido pelos promotores, Waldman não pôde declarar com certeza que Jackson era dependente da droga, além de reconhecer que não é oficialmente certificado como especialista em dependência química.

A dependência é caracterizada como a necessidade física de uma droga, enquanto a adição, ou vício, é mais grave porque leva a pessoa a continuar com comportamentos destrutivos e o consumo de uma substância, a despeito das consequências negativas, disse Waldman.

Os advogados de Murray alegam que no dia da morte de Jackson ele mesmo se deu uma dose adicional e fatal de propofol. Se for condenado, o médico enfrentará até quatro anos de prisão.