Topo

Antologia mostra que histórias de zumbis ficaram mais sangrentas

Elaine Lies

25/10/2011 12h58

  • Reprodução

    Capa da antologia "Zombies! Zombies! Zombies!", de Otto Penzler

TÓQUIO (Reuters) - Zumbis, os "primos" feios de criaturas populares como lobisomens e vampiros, estão experimentando uma onda de fama que pode lhes dar finalmente alguma atenção, segundo Otto Penzler, editor de uma antologia recente dedicada a esses seres.

"Os vampiros que vemos desde 'Drácula' até Lestat, de Anne Rice, passando pelos personagens de Stephenie Meyers, são bem vestidos, se expressam bem, são pessoas instruídas, com bons modos. Eles só têm um probleminha: o hábito de morder as pessoas no pescoço e beber o sangue delas", disse Penzler em entrevista por telefone.

"Já os zumbis são realmente feios. Eles não ficam bem de smoking. São uma coisa totalmente diferente, são muito mais radicais", diz Penzler.

Sua antologia "Zombies! Zombies! Zombies!" trata das histórias sobre esses seres escritas desde o tempo de Edgar Allan Poe e Sheridan Le Fanu até as publicadas nas duas últimas décadas, incluindo uma de Stephen King.

Enquanto lia centenas de histórias, Penzler percebeu uma mudança fundamental na percepção dos zumbis. O momento de virada se deu em 1968, com "A Noite dos Mortos-Vivos", de George Romero.

"Hoje o zumbi é visto como um morto-vivo sedento de sangue, que quer devorar cérebros e carne humana", disse o escritor, que também vem trabalhando sobre uma coletânea de histórias sobre vampiros.

"Mas nem sempre foi assim. Eles eram simplesmente pessoas mortas que voltam à vida. Portanto, muitas das histórias deste livro são sobre aquele tipo de zumbi, não sobre os terroristas sanguinários e comedores de cérebros".

Penzler disse que nos últimos anos as histórias ficaram mais sangrentas e asquerosas, mas ele procurou incluir na antologia estilos diversos, desde os contos sutis e meditativos do passado até histórias modernas, repletas de medo e violência.

Segundo ele, o número de histórias sobre zumbis é limitado porque eles são muito menos versáteis do que fantasmas ou vampiros.

Penzler disse que o boom dos zumbis deve continuar por algum tempo, mas acabará desaparecendo. O que virá a seguir? Talvez lobisomens, ou pode ser que surja um novo interesse por alienígenas.

"Todos os tipos de entidades ameaçadoras exercem atração. As pessoas gostam de sentir medo", disse ele. "Nossa sociedade atual é mais radical. Acho que não é possível ser muito mais radical do que os zumbis, dentro da visão niilista deles."